quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Procurando o Natal

Olá Pessoas!
Mais uma postagem de fim de ano e novamente gosto de deixar alguma reflexão sobre o tema ou sobre alguma coisa que aconteceu. Desta vez foquei mesmo no natal e todo o significado que esta data teve e tem para mim. Para também celebrar o novo ano vindouro, deixei um pequeno conto da atualidade.
Aproveitem aos que lerem e tenham uma excelente semana de celebrações!




 PROCURANDO O NATAL

Talvez nosso país não tenha aquelas tradições natalinas tão incrustadas na cultura como outros tantos países têm.

Talvez sejam os tempos de hoje que não aceitam tanto espaço para uma celebração e feriado, já que tudo o que parece importar é trabalho, trabalho e mais trabalho. E nem preciso falar do tal dinheiro, esse estranho companheiro. E também nem preciso, mas já faço o relato, de que estou escrevendo isso no meu trabalho, e sim, em pleno dia de natal.

Foram meus tempos de criança e aquela agonia para as férias chegarem e o dia de irmos visitar os parentes em cidades distantes. Reunir toda a família no fim de ano, os adultos com suas conversas chatas e brigas estranhas e as crianças correndo o dia todo e sorrindo, rindo e brincando como se houvesse amanhã para começar tudo de novo.

A ansiedade pelos presentes que nem sempre eram os pretendidos, mas também que em dois minutos ninguém mais ligava. O importante era a turma reunida e claro muita, muita comida.

E lá se ia ao menos um mês diferente, com tanta gente que fica longe da gente e só quando está mais perto realmente ganha o significado de parente.
Claro que um dia tudo muda, os pilares das visitas se vão desse mundo e as pessoas deixam a distância imperar por um ano todo, dois, três e assim por diante. Não importa, ainda temos o natal, ainda comemoramos em família, ainda estamos unidos.

Mas quem dera fosse assim com todos. Já não é. A tecnologia agora promove os encontros virtuais, as felicitações geladas e as emoções em posts de twiteres e facebooks. Eu é que não entendo de mais nada. Abraçar está se tornando motivo de união estável nessas eras contemporâneas (nem sei se eras são assim descritas...).

A razão do natal perdeu a razão, perdeu o calor, perdeu o abraço. Virou do presente o laço, a televisão do desamor e a gordura que entope o coração.

Mas quem liga? Eu ainda ligo. E talvez eu também seja um dos únicos a resistir ao novo modelo de civilização, mas sei lá, dá um aperto em saber que um dia, que só me traz boas lembranças não vá trazer essas lembranças para as próximas gerações.

E assim o mundo se despede devagar ou muito rápido, depende do quanto vivemos, de mais uma tradição, que tem que dar espaço ao corrido mundo dos objetivos práticos e lucro certo.

Obrigado a todos que sempre fizeram meus natais inesquecíveis, eles sempre foram muito importantes.

Feliz Natal!



E agora um poeminha despretensioso como a vida deve ser:

Procurando o Natal (Fábio Begi)

Das lembranças do meu tempo de menino,
Ou dos delírios de quando eu era pequenino,
As andanças pelas ruas no natal
Eram puro fascínio; era uma data especial.

As casas se iluminavam,
Todos os postes se enfeitavam,
Era como um paraíso de luzes e esperança,
No olhar inocente de uma criança.

O natal que a história transforma em algo novo,
De uma festa interminável pagã
A uma contínua celebração cristã,
Surgindo então seu significado religioso.

O mesmo natal que o comércio adotou
E com anos seu sentido modificou,
Mostrando que a felicidade é relegada ao nada
Se de um presente não for acompanhada.

Mesmo o bom velhinho que sempre nos faz sorrir,
Que do mesmo comércio passou a existir
Some da mente das crianças cada vez mais cedo,
Fato esse que nas velhas senhoras causaria medo.

Reluto em aceitar que tudo seja passado,
Que certos valores sejam deixados de lado,
Que todo o seu significado seja renegado
E que o natal futuro será sim, chato.

É que hoje, das luzes que enfeitavam a rua
A única que ainda brilha é a da lua,
E apesar de cansado
de ver esse dia mais e mais abandonado,
Ainda; aquele natal; tenho procurado...
















                                                            A RAVE


 Foi a Rave do fim ano, ou talvez do começo do novo ano.

Elinara não perdeu uma das que foram realizadas em sua cidade, cidade grande claro, com muitos locais amplos e afastados, próprios para o pessoal aproveitar tudo o que pode e o que não pode.

Elinara tinha sua ideia particular de diversão, idéia particularmente dividida por muitos jovens dos tais tempos atuais, o que significa chegar cedo e sair o mais tarde (tarde que é cedo já que o sol já apareceu faz tempo). Nesse meio tempo: festa e ferveção.

Elianara nas Raves se transformava apenas em Nara, não para os mais íntimos, para todos mesmo. Ela detonava no campo de dança, era Techno, Psy, Trance, House e se voltasse alguns anos para o passado seria Dance. Também detonava no Álcool, Bala, Doce, Lança e se fossem esses três logo de cara, detonava na água.

Na Rave do fim do começo do ano foram dois dias, mas Nara deve ter pensado ter passado apenas umas doze horas, que é tudo o que ela lembra até o momento de ir para casa. E é o momento de ir para casa que tudo fica muito chato. Ela sabe que vai ter que ouvir um monte de reclamações da mãe sobre seu comportamento, suas roupas, sua aparência e todo aquele papo de estar jogando a vida fora. Bronca que só será esquecida no fim da outra semana com as duas tomando um sorvete no centro e indo ao salão.

Nara saiu da Rave com plano já traçado. Cabelos presos, bermuda alongada e óculos na cara. Ela sabia que não fugiria do descaso semanal, mas poderia evitar o sermão matinal e ir dormir o mais rápido possível para descansar seu corpo já um tanto desprezível.

A tática seria certeira, entrar impactando, falar gritando e não deixar espaço para a mão reclamar tanto.

Nara desce do táxi em frente à casa, passos firmes, pezada na porta. A mulher esperando na sala leva um susto. Nara acha que ela já deveria estar acostumada com seus horários de retorno. Nara segue reto, não quer perder tempo mesmo. Porém acaba sendo barrada bem à sua frente. Percebendo que não teria como ir para o quarto sem a discussão, parte para a tática do grito. Ela espera pela primeira frase para depois atacar:

- Mas o que é isso? – Pergunta a mulher ainda assustada.

- Nem vem com sermão, não estou muito bem agora e se quer conversar é melhor esperar eu acordar, quem sabe daqui um ou dois dias. – Fala Nara bem alto encarando com seus óculos aquela figura que não sai da sua frente.

- Olha mocinha, eu não sei o que você está pensando... – Tenta continuar a mulher.

- Não me venha com mocinha, bebezinho, amorzinho ou o caralho que seja. Estou cansada e quero dormir. – Diz Nara ainda mais nervosa.

- Pois eu se fosse você parava com isso e saia daqui, senão chamo a polícia. – A mulher tenta um tom mais forte.

- Mas mãe, que coisa idiota é essa de querer chamar a polícia. É só me deixar dormir e depois discutimos. – Nara fica levemente confusa.

- Olha menina, eu não sei o que você tomou e de onde você veio, mas aqui não é a sua casa, eu não sou a sua mãe e você está parada gritando com a minha geladeira...

Foi a Rave do fim do começo do ano. Nara sempre vai achar que essa foi a mais louca de todas elas e com uma certeza, pois dessa vez teve que andar meia cidade para chegar em casa e ainda ouvir a sua mãe zangada lhe dar um sermão com muita clareza.

Foi A RAVE...


ANO NOVO DE NOVO!!!!
FUI-ME!!! 

domingo, 7 de dezembro de 2014

Mãos, tempos e deuses!

Olá pessoas!

Fim de ano, bora fazer promessas e metas para o próximos ano que não iremos cumprir de qualquer forma, mas como é bom viajar no pensamento das probabilidades e possibilidades, vai que numa delas a gente acerta...

Hoje, para aqueles que lerem, temos mais uma dessas inspirações do cotidiano, um pouco de comparação da vida entre os tempos e também mais uma conversa de vampiro, dessa vez mostrando que distância pode ser a resposta às questões que não compreendemos direito. Boa leitura e ótimo fim de ano!


A mão estendida.

Uma mão se estende através do vidro aberto de um carro, na mão uma nota de cinco reais. Um pouco distante um senhor corre em direção ao carro, não vejo o complemento da ação, meu veículo já tinha passado a cena, mas seu final é um tanto óbvio.

No pequeno trajeto até minha última parada do dia, ou da noite, fico pensando se a velocidade empreendida até aquela mão exercida pelo velhinho um tanto manco teria sido a mesma se o que estivesse sendo seguro por ela fosse um sanduíche, um copo de café ou quem sabe mesmo, vá lá, um livro.

Claro que cada um sabe do que precisa e geralmente o dinheiro poderá prover qualquer necessidade que vir a aparecer a qualquer hora, mas e se de-repente naquele momento ele não estivesse com fome e o dinheiro acabasse servindo para coisas supérfluas, daí, depois vem a tal fome e o dinheiro que veio, já foi. Se fosse o sanduíche poderia ter sido guardado para esse momento, mas o dinheiro se vai a todo momento.

Não sou eu que irei dizer o que outros precisam e porquê precisam, eu também nunca sei do que irei precisar e considero que muito menos as outras pessoas saberão, só sei que se tentar estabelecer todas as minhas vontades contando com o dinheiro que terei ao longo dos dias para sanar a todas elas, eu certamente ficarei em dívida com essas necessidades.

Há doações que nos parecem inúteis por que não aprecem nos dar algo que queríamos atingir, doar conhecimento, doar alimentos, doar atenção, doar solidariedade, doar medicamentos, doar roupas e camas e tudo o que mais pudermos, nada disso parece atingir mais às pessoas que doar o tal dinheiro, o tal fazedor das vontades instantâneas que sempre teimam em não ser as vontades que os doadores querem que elas sejam. Num contexto explicativo, se você quer doar o malfadado sanduíche o donatário quererá mesmo é uma cervejinha e aí o poder transformador do dinheiro em qualquer coisa que ele possa pagar que resolve no ato o gosto do cliente, ops, do ajudado.

Fica difícil tanto de entender como de explicar que muitas coisas poderão ser mais uteis quando são doadas por serem de uso mais futuro que imediato, mas que esse futuro se tornará imediato em algum tempo e aí, bom aí vão ter que entrar com mais dinheiro. E tanto é o desejo do doador se sentir útil quanto do donatário se sentir agradecido que ambos sabem que o dinheiro é a doação mais “acertada” em qualquer ocasião, é como nunca errar no presente de aniversário a quem se quer agradar, é certo, é na mosca!


É nesse ponto que eu deixo de questionar o motivo de sempre pedirem dinheiro em qualquer doação, seja na rua, seja na televisão, seja na igreja. É como a gente já sabe, cada um sabe do que precisa e só há uma coisa que pode ser todas as coisas que se põe necessárias, mesmo que nós nem saibamos o quanto não precisamos delas e do que iremos precisar apenas ignoramos.






----------------------------------PAUSA

Tempos

1930 – Seu Firmino levantava antes do sol, quatro da manhã, por que as vacas não esperavam para dar leite e também tinha que preparar o café. Lá pelo meio dia vinha o almoço, depois de uma manhã toda servindo e preparando os animais. De tarde vinha um serviço mais braçal, preparava a lavoura e colhia o que já estava pronto. Ainda tinha que levar tudo pra cidade antes do anoitecer para vender nos mercados e voltar pra casa. Seu Firmino tinha 40 anos com cara de 60. Nunca teve sequer um resfriado, apenas alguns problemas de coluna e um ombro maltratado, porém morreu mesmo do coração, naquele tempo nem sabia que comida muito gordurosa poderia matar tão cedo.

1980 – Seu Francisco levantava cedo, seis da manhã, pois ele é quem levava as crianças para a escola. A mulher fazia o café e todos comiam rápido. Depois de deixar os filhos, Francisco ia direto para o escritório, não almoçava em casa, precisava fazer o mundo melhorar, naquela época podíamos tudo. Francisco não descuidava da saúde e todos seus exames médicos eram primorosos, além de sempre sair para correr aos finais de semana. Seu Francisco tinha 40 anos com cara de 40. Mas morreu pelas complicações da aids, afinal ele sempre gostou de uma saída cm os amigos de escritório nos fins de semana em alguma boate qualquer. Infelizmente, naquela época, não existia diagnóstico para esse mal.

2014 – Fabiano acorda quase cedo, a aula é as oito, mas como vai de carro ele chega em poucos minutos. Não toma café por que não dá tempo, mas no intervalo tem muita coisa frita na cantina e o bom refrigerante. Chega em casa na hora do almoço e come qualquer coisa bem rapidamente, vai direto pro computador ou fica olhando o celular a todo o momento. Lá pelas seis da tarde encontra a galera e conversam sobre nada e coisa alguma, todos com celular em punho. Comem um lanche na rua com mais refrigerante e combinam onde irão encher a cara no fim de semana. Fabiano tem 20 anos com cara de 17 e também já tem diabetes, hipertensão, colesterol alto e vive com dores de cabeça. Mas ele não vai morrer aos 40, pois ele já sabe que tem de tomar quatro tipos diferentes de medicamentos todos os dias para continuar a ser exatamente assim.

                                                FIM DA PAUSA------------------------------






Onde estão os deuses?

- Pessoas dizem que vampiros servem ao demônio, isso é verdade?

- Pessoas buscam explicações que são convenientes pela simplicidade e jamais tentam entender a verdade quando ela é muito complexa. Acreditar em servos de um demônio me parece mais atraente e simples do que entender uma evolução de espécie. Aliás como acreditar nos demônios dos humanos quando eles também nem sabem direito que são seus deuses?

- Eu imagino que todos saibam quem são, mesmo que sejam diferentes, todos tem histórias que geram crenças e tantos outros traços fundamentais de uma religião baseada em algum deus.

- E onde estão agora?

- As pessoas que creem?

- Não, os deuses delas?

- Acho que cada um está onde cada religião diz que assim está, eu não sei.

- Nem você sabe e nem mesmo eles sabem. Apenas acreditam no lugar, mas não viram nem o lugar e nem o deus.

- Mas ninguém nunca viu qualquer deus...

- Tem certeza?

- Bom, não há ninguém hoje que possa dizer algo sobre isso.

- Hoje, esse é exatamente o tempo certo para o nunca ter visto um deus, mas no ontem as coisas tendiam para o outro lado.

- As pessoas viam os deuses antes?

- A humanidade tem uma característica incrível de conseguir afastar qualquer coisa que não possa explicar, de fato antigamente os deuses eram vistos e estavam tão presentes quanto um humano do outro. Quando os deuses eram astros, como o sol ou a lua, eles estavam presentes quase todos os dias, para serem observados e adorados. Quando os deuses moravam em uma montanha, mesmo que os homens fossem temerosos para subir ao seu encontro, bastava invocar seus nomes para, se merecedores fossem, ter uma bela conversa com qualquer um deles. Em algumas religiões as pessoas até mesmo sabem que seus deuses se mesclam a animais e por isso reverenciam as criaturas que dão base à crença. Mesmo nas atuais religiões dominantes desse mundo, era habitual deus vir se relacionar com os homens, mesmo que não fosse em outras formas. Muitos profetas tinham contato direto com deus, mas então vem o hoje.

- Mas isso não estaria no fato do homem ter se tornado mais racional e visto que a Terra não seria a morada ideal de um deus?

- Não, nunca foi por isso. A racionalidade humana não elimina a figura de deus, ela apenas se faz entender que há mais mitos que verdades em histórias antigas e para não ter que explicar quais fatos foram realmente reais e talvez por isso não tão magníficos quanto os fatos inventados os homens escolheram afastar seus deuses deles, isolá-los em reinos que não estão na Terra ou em qualquer outro local do universo, quem sabem estejam até mesmo em algum alternativo como especula a ciência, não importe. O que se mostra verdade é que o homem parece ter se envergonhado de ver seus deuses ao lado e acharam uma solução mais engenhosa para contornar episódios que não poderiam descrever como muitos faziam séculos atrás. Os homens não veem deus como um amigo que pode encontrar todos os dias, não o veem como alguém que está logo ali no topo da montanha ou no espaço. Agora deus está exilado no lugar algum da criação esperando que suas criações encontrem o caminho para esse nenhum lugar, mesmo que eles nem sabiam como é esse lugar, como é o seu deus e principalmente qual é o caminho que os farão chegar lá. Montam regras que não seguem como se fossem dadas pelos deuses e se perdem na sua própria futilidade acreditando que será apenas necessário fechar os olhos e mentalizar um afigura idealizada de seu deus para eu uma enorme escada, talvez quem sabe um elevador celestial apareça e as leve até o novo mundo.

- Então estariam os homens inventando deuses e paraísos? Nada disso existe?

- Inventar é algo ligado a humanidade, no seu âmago. Mas o que quero explicar aqui é que você escolheram se afastar de seus deuses, dando status de inatingíveis à eles apenas por que não conseguem vê-los. E por não conseguirem vê-los encontraram a saída de dizer que eles estão num lugar mágico ao invés de dizer que eles habitam o mesmo mundo em que vivemos.

- Então deus ou os deuses....

- Então os homens perderam certamente a capacidade de entenderem os seus deuses e assim perderam a capacidade de estarem em contato com eles e então talvez um dia esses homens entendam que seus deuses estão muito mais próximos deles, tão próximos que a razão de não poder ver ou falar com eles é que eles não estão na sua frente, atrás ou aos lados, eles na verdade fazem parte de todos e de tudo. Mas isso pode ser muito complicado para qualquer humano que apenas se preocupa com sua própria imagem.


FUI-ME!!!