quarta-feira, 16 de novembro de 2016

POR QUE SOU CONTRA: ABORTO.

Olá pessoas!

Hoje um tema que vem sendo muito explorado pelos movimentos feministas crescentes: o direito ao aborto, mais especificamente o motivo pelo qual sou contra a realização do mesmo, e olha que já fui a favor a décadas atrás.
Fora isso, mais um pouco de histórias que vagam pela minha mente e logo em breve mais delas estarão por aqui.
Para quem ler, espero poder colocar um ponto de vista sobre um assunto ainda polêmico e também divertir um pouco com as demais leituras.


POR QUE SOU CONTRA O ABORTO

Em tempos que grupos feministas discutem cada vez mais o direito a fazer de seu corpo o que bem entenderem e colocam a questão de que abortar seria um direito de domínio sobre o próprio corpo é necessário não apenas dizer que é contra, mas também fundamentar essa decisão.

Vejamos, antes dos fatos a serem expostos, o que diz a nossa garantista Constituição Federal: art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida ...

Ainda, sobre os tratados adotados pela nossa Constituição: Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos de 1966; Artigo 6 =  O direito à vida é inerente à pessoa humana. Este direito deverá ser protegido pela lei. Ninguém poderá ser arbitrariamente privado da vida.

Por fim, o código civil: Art. 2 - A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.

Conforme bem visto e sabido, o direito à vida é um princípio fundamental.

Pois bem, há uma grande diferença em querer dizer a alguém o que ela pode ou não fazer com o próprio corpo e proteger um corpo que não é o da pessoa, apesar de se desenvolver dentro dela. Ora, a vida a ser gerada precisa da mãe, pois se Deus ou a natureza (para os que não veem viés religioso algum no mundo) assim achou necessário, há de se ter óbvios motivos. Esses óbvios motivos para mim é, do lado religioso, todo o amor e afeto que a mãe sempre terá pelos seus filhos, amor incomparável a qualquer outro tipo de amor e, pelo lado natural, da própria sobrevivência da espécie, pois se os seres se desenvolvessem fora do corpo da mãe, essas não teriam por que proteger a própria espécie dos perigos naturais e, de fato, muitas raças, animais e humanos, estariam condenadas à extinção (e nem venha me falar sobre organismos que não se desenvolvem dentro de outros e ainda existem na Terra, pois em geral esses seres se multipicam em quantidades absurdas, enquanto os mamíferos tem tempos maiores de gestação e números bem mais limitados de fetos por gestação se compararmos por exemplo aos insetos e outros seres vivos).

Agora podemos excluir da nossa conversa o viés religioso (em parte), para a alegria dos laicos que confundem o sentido da palavra laicidade, mas isso é assunto para outra hora. Não é necessário realmente se apegar aos desígnios espirituais para mostrar que ser a favor do aborto é uma ladainha insustentável nos dias atuais. Vejamos simples e claros motivos para tanto:

1-    As mulheres libertárias ou progressistas afirmam que o corpo é delas e as regras também são delas, muito bem, parece ser justo. Mas elas esquecem, convenientemente que parte do corpo que se desenvolve dentro de seu útero vem de outra pessoa, no caso o pai, e a formação do feto só ocorre com a união dos gametas masculino e feminino, sendo assim, biologicamente falando, o corpo que está em desenvolvimento não é apenas uma parte sua, mas a união de duas amostras genéticas diferentes que irão formar um ser humano único em todos os aspectos. Assim, o útero é seu, parabéns, mas o novo corpo ali formado pertence ao indivíduo que poderá vir a nascer, assim como o seu corpo apenas pertence a você por que você teve essa mesma oportunidade.

2-    Se as mulheres afirmarem que não se pode saber quando a alma se une ao corpo físico ou ainda, por em nada crerem, que somos apenas matéria, logo teríamos dois impasses terríveis de se resolver, pois por não sabermos sobre o momento de incorporação da alma/espírito, correríamos um enorme risco de cometermos um enorme pecado desde o início da gestação e se o fato for a negação dessa crença, logo, a vida já existe desde a concepção, pois se não existe alma/espírito, a simples união dos gametas já é vida em si, logo, terminar a gestação seria sim assassinato.

3-    Mesmo se considerarmos que os direitos a se fazer o que bem entender com o corpo seja o certo nesse caso, muitas mães acabariam sendo barradas nesse direito de decidir, uma vez que o poder de decisão sobre muitos aspectos dessa liberdade só pode ser feito na maioridade, então menores de 18 anos que engravidassem, mesmo que quisessem, apenas poderiam abortar com o consentimento dos pais ou responsáveis, tal qual acontece quando se quer fazer uma inocente tatuagem ou ir a uma festa depois de certo horário.

4-     Não se pode confundir a liberdade sexual conquistada à duras penas pelas mulheres com o direito a fazer o que se quiser quando quiser. Há muitas maneiras de se evitar uma gravidez hoje em dia: começamos com as tabelinhas, passamos para os preservativos rudimentares aos mais tecnológicos de hoje, aos anticoncepcionais orais, DIU, etc., e até mesmo aos contraceptivos de emergência caso tudo mais pareça ser uma limitação da liberdade pessoa na hora do prazer, e esses últimos se ingeridos no tempo hábil tem uma eficácia impressionante. Porém não irei comentar a bomba de hormônios que isso de fato é. O importante é saber que, tendo o conhecimento de tantas maneiras de se evitar algo indesejado, não há desculpa que cole, nem mesmo o famoso “aconteceu”, por que só acontece quando você quer que aconteça.
5-    Como uma última razão, para não haver alongamentos sobre o assunto, há casos previstos no nosso código penal em que a gravidez pode ser interrompida, pois coisas ruins podem acontecer a qualquer momento na vida de todos nós. Temos então o entendimento, segundo o citado código:  Art 128– “Não se pune aborto praticado por médico: I – se não há outro meio de salvar a vida da gestante; II – se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal”, isso fora a recente decisão do Supremo Tribunal Federal sobre os fetos anencéfalos.

Tendo tantos entendimentos sido explanados, mesmo de forma rápida, é mais compreensível entender que querer ter direito ao aborto é querer, hoje, tirar a responsabilidade pelos atos praticados sem a devida responsabilidade. Aí virão as velhas desculpas: Mas meu marido não gosta de preservativo – Opa; temos os contraceptivos diários e de emergência. Mas tem famílias pobres que não tem como comprar preservativos – Opa, por incrível que pareça o SUS distribui preservativos gratuitamente e em boa quantidade. Mas tem mulheres na África que não tem acesso a esses conhecimentos ou tecnologia – Opa, e não seria mais humano você lutar para que esse conhecimento e tecnologia fosse disponibilizado para elas ao invés de achar que pedindo que elas abortem resolveria todos os problemas? Mas eu tava bêbada e não sabia o que fazia – Opa, muitos motoristas ceifam vidas dessa mesma maneira e se não cabe a analogia, não tem problema, a não ser que você tenha sido abusada, o que configuraria o estupro e poderia fazer o aborto, voltamos aos contraceptivos.

Enfim, ser a favor do aborto apenas pelo motivo da mulher querer transar sem proteção com seu parceiro, não querer tomar anticoncepcionais ou sequer fazer seus próprios cálculos sobre dias férteis é de uma incompreensibilidade que só encontramos nos dias atuais. Ainda se fossem nos idos do passado, poderíamos dar um desconto, porém nos tempos modernos mulher decidida sabe muito bem o que fazer, quando quer fazer e todas as opções que tem para não se incomodar com uma indesejável gravidez. Agora, se você ficou presa numa ilha deserta com um homem e sem nenhuma destas opções disponíveis, talvez eu entenda a sua justificativa.

E não custa sempre lembrar, sempre e sendo repetitivo: se hoje essas mulheres tem essa capacidade toda de poder lutar por tantos direitos, é por que lá atrás as mães delas lhe deram o direito de nascer!  










TINDER

Até hoje não sei se o aplicativo Tinder é para pessoas que buscam por sexo ou namoros sérios, mas eu também não sei se as pessoas, na maioria das vezes, querem apenas sexo ou torcem muito para encontrarem o amor de suas vidas.

A cada X que eu aperto, sinto como se tivesse deixando passar a pessoa certa para minha existência, tudo isso por que julgo rapidamente pela imagem que vejo e as poucas descrições dadas nas palavras abaixo e alguns nem isso fazem.

No fim, é um sistema mais interessante de ficar dispensando pessoas sem nem mesmo ter entrado em contato com elas para ver se poderia “dar liga” e também um tipo de joguinho do: será que vai combinar? Tudo isso para depois ninguém conversar direito e se “descombinarem”. Mais tecnologia, mais rapidez nos relacionamentos, mais pessoas descartáveis. Já parou para pensar, você que usa esse aplicativo, quantas pessoas simplesmente ignoram você? E olha que somos pessoas muito interessantes pessoalmente, nada que uma foto ou breves palavras possam de fato condizer com a realidade.

Já me falaram algumas vezes que as pessoas geralmente são 20% mais bonitas que as fotos sem efeitos que colocam nas redes sociais, lembrem-se disso: das fotos sem efeitos. E evitar banalidades como: não falo com que não gosta disso ou daquilo ajuda bastante, até mesmo por que o fato de alguém torcer pelo time rival não significa que esse alguém não seja, no final, a pessoa certa pra você.

E eu falei tudo isso para que? Apenas para dar ensejo ao que acho mais interessante no Tinder, que são as frases que a galera mais gosta de colocar em seus perfis. Pelo menos aqui vai algumas das que mais vejo ou mais inusitadas me pareceram, são elas:

- Procurando alguém que me faça desinstalar esse app. (talvez a mais usada)

- Em busca de alguém que me foda mais na cama do que o coração. (pode variar um pouco).

- Algum poema, principalmente da Lispector.

- Frase de música sertaneja ou pagode.

- Não me importo com seu carro importado ou suas viajens, etc.

- Quem se descreve se limita (e variações).

- A princípio apenas amizades.

- Se quer apenas putaria aperte X (vivo apertando e até agora não achei a putaria).

- Dê match apenas se realmente tiver interesse. (no caso de ser profissional de uma certa área. Digamos, sexual).

Entre tantas outras, acredito que essas são facinhas de encontrar. Não que falte criatividade. Acho mesmo que as pessoas querem ser diretas ou passar algum pensamento mais profundo sobre suas personalidades, tudo isso dependendo do que elas buscam ali. O meu perfil é uma merda, mas eu continuo tentando, afinal já vi relacionamentos nascerem do meio virtual. Vai que dá certo pra mim também. E uma última dica: pelos estudos realizados as fotos de mulheres que mais atraem os homens são quando elas estão sorrindo e as fotos dos homens que mais atraem as mulheres são quando eles fazem cara de eu me acho superior. Não sei por que, mas já fizeram esse tipo de teste. Então mulheres, sorriam mais e vocês homens façam cara de quem acabou de ganhar uma discussão contra uma mulher (não tem nada mais extraordinário que conseguir fazer isso).





HISTORIETAS

HOJE:  CAUSOS DE MAURO E JAIRO, O INVEJOSO

Mauro e Jairo são vizinhos de longa data, praticamente nem um e nem outro irão lembrar com exatidão o tempo correto de convivência próxima. Nunca foram de picuinhas ou discussões. Sempre se entenderam muito bem, até por que tinham gostos bem parecidos, às vezes parecidos demais pelas observações de Mauro.

Mauro começou a perceber que Jairo gostava das mesmas coisas que ele quando algumas coincidências surgiram. A primeira delas foi quando decidiu pintar a casa de amarelo com detalhes em azul e na semana seguinte viu que Jairo havia pintado a casa dele de azul com detalhes em amarelo.

A segunda vez que percebeu o quanto se identificavam nos gostos, foi ao arrumar uma namorada. Ele, assim como Jairo, era viúvo, porém o vizinho sempre dissera que não queria arrumar nenhuma outra mulher para compartilhar a vida. Pois bem, Mauro começou a namorar Júlia, uma senhora ruiva natural com os cabelos levemente esbranquiçados. Na semana seguinte Jairo começou a namorar Juliana, uma senhora de cabelos grisalhos com mechas ruivas.

A terceira observação de Mauro foi quando ele comprou um novo carro, uma SUV, já sabendo que seu vizinho sempre teve sedãs e eis que, na semana seguinte, Jairo vendeu seu sedã e comprou também uma SUV, da mesma cor e modelo da de Mauro.

Na quarta vez, combinaram de ir ao casamento de um colega em comum e Mauro falou da vontade de ir vestido em um terno preto com uma camiseta cinza e uma gravata listrada em vermelho e azul. Jairo apareceu no casamento com um terno cinza, camiseta preta e uma gravata xadrez em vermelho e azul.

Um pouco incomodado com a estranha situação, Mauro resolveu bater um papo mais direto com Jairo:

- Sabe vizinho, venho observando que você tem feito algumas coisas parecidas com as minhas e ando meio preocupado com isso, quero dizer, preocupação besta eu sei, mas achei meio estranho.

- Como assim Mauro?

- Veja bem, eu pintei minha casa e aí você pintou a sua com as mesmas cores. Depois eu passei a namorar e você logo em seguida também arrumou uma namorada com nome bem parecido da minha e você sempre disse que não ia mais namorar. Depois comprei um carro e você comprou o mesmo carro. Daí no casamento....

- Peraí, calma lá. Tá achando que eu to copiando você vizinho? Quanta bobagem! Ora essa, isso tudo não passa de coincidência e depois as coisas nem são tão parecidas assim. Você pintou sua casa de amarelo com azul e eu de azul com amarelo. Minha namorada é morena de olhos castanhos e a sua é branca de olhos verdes, o carro eu confesso que gostei do seu e comprei igual, e no casamento, bem, coincidências, nada mais que coincidências. Deixa de ser desconfiado homi!

- Vai ver você tem razão. Acho que to vendo chifre em cabeça de cavalo mesmo. Você me desculpe, é que eu fiquei meio ressabido de tanta coisa parecida que achei que você tava me imitando em tudo o que eu fazia.

- Tudo bem, meu amigo e vizinho. Mas vamo fazê o seguinte, a próxima coisa que você fizer, vai ver que eu não farei igual, prometo. Daí você para de desconfiança. Se você tomar café, eu tomo chá. Se você assistir Tv eu leio um livro.

- Nem precisa disso cumpadi. Mas obrigado por tirar essa dúvida besta de dentro da minha cabeça.

- Vizinhos servem para se ajudar e além do mais somos praticamente como irmãos.

Depois da conversa franca, Mauro ficou aliviado e de fato sentiu-se um pouco idiota pela desconfiança que teve de Jairo, ora essa, as coisas realmente se pareciam muito, mas de fato não eram absolutamente iguais, a não ser pelo carro. Então Mauro decidiu que uma coisa certa a se fazer para deixar de bobeira seria vender o carro e comprar um de outro modelo ou pelo menos de outra cor. Com tudo decidido, foi até uma gráfica e comprou um adesivo bem grande para por no vidro traseiro do veículo onde lia-se: VENDO.

Jairo então viu o que o vizinho fez e na semana seguinte algo inusitado aconteceu (mais uma vez) que fez Mauro voltar a ficar encucado: ao sair de manhã para dar uma volta com seu labrador branco, encontrou o vizinho passeando com um labrador preto e observou que Jairo também tinha colocado um adesivo no vidro traseiro de seu carro onde lia-se: OLHANDO!

Coincidências, nada mais que coincidências!

FUI-ME!!!

segunda-feira, 11 de julho de 2016

LEI ROU-O-QUE?

Olá pessoas!

Muito texto, às vezes interessante, outras vezes nem tanto, mas sempre escrevendo e externando o pensamento. Desta vez um pouco sobre o que penso da tão famosa lei de incentivo à cultura, uma viajem sobre o tempo, um pouco de sabedoria e mais do meu personagem Pedro Góli. A quem ler, ma boa viagem!









            Lei Rou-O-Que







 Não quero aqui discutir a importância ou não em se ter um ministério da cultura, há países que tem e não sabem o que fazer direito com ele (nosso caso) e países que não tem e que se viram muito bem sem ele (u.s.a). O ponto é discutir se a tal lei de isenção fiscal para empresas que colocarem esses valores em projeto culturais deveriam antes passar por aprovação de tal ministério. 

Vivemos; como todos gostam de falar e todos já ouviram falar, em um país plural em todas as áreas, cultura então é o que mais temos, de diferentes formas, espalhada pelo vasto território nacional e cada região do nosso Brasil dá maior importância às suas próprias raízes culturais. Por exemplo, é mais comum a festa do boi ser de grande relevância a uma cidade do norte brasileiro que o fandango, dançado mais ao sul. Exceção feita, claro, ao carnaval que é festejado em todas as áreas federativas; festa que atrai turistas não só para um Estado, mas para todos, guardadas as suas devidas proporções.

Sendo assim, não seria muito mais interessante que se estabelecessem valores máximos de abatimentos em impostos para todas as empresas no território nacional que poderiam decidir sozinhas onde colocariam esse dinheiro (devidamente comprovado depois), e em que projeto cultural deveriam investir, levando em conta onde estas empresas estão localizadas e a que cultura mais são simpáticas? Não seria melhor que projetos absurdos sendo mandados ao ministério para que esse aprove ou desaprove?

 Afinal de contas, uma empresa de porte nacional, digamos assim uma produtora de bebidas, certamente investiria nas mais diversas áreas culturais da nossa terra, enquanto as empresas regionais, como redes de supermercados, prefeririam enaltecer a cultura de seu Estado ou região do Estado.

Penso que dessa forma sairíamos todos ganhando, não apenas com artistas renomados (e muitas vezes com condições de bancar seus empreendimentos artísticos por conta própria) adquirindo o benefício, mas também os pequenos produtores de cultura local que, com um bom incentivo poderiam mostrar quão diversificada é a nossa cultura, podendo esses também alçarem seus nomes para o reconhecimento nacional e quem sabe até mesmo internacional.

O que falta para o Brasil não são boas ideias, mas sim como colocá-las em prática de forma que favoreçam a todos sem distinção. 





PAUSA---------------------

 CONSIDERAÇÃO SOBRE O TEMPO

Segundo o que diz a Teoria da Relatividade de Einstein, e aqui eu uso uma forma bem simples e talvez um pouquinho adaptada, o tempo basicamente não existe. Seria como se o presente, o passado e o futuro estivessem coexistindo ao mesmo tempo, ou seja, como se tudo o que você já fez, está fazendo ou fará, todas essas possibilidades já estão condensados num único período de espaço.

E pensando sobre isso cheguei a um pequeno exemplo de como o tempo, assim como tudo na nossa existência perceptível, é relativo. Vejam vocês como fica interessante esse exemplo, mas já digo para deixarem a imaginação tomar um pouco a conta de seus pensamentos: Vamos nos comparar a uma pessoa que viva no Japão, pois bem, nesse exato momento essa pessoa em relação a qualquer um de nós no Brasil estará perto de 12 horas no futuro (fuso horário) e consequentemente nós estaremos a 12 horas no passado para essa pessoa.

Logo, quem está do outro lado do mundo está vivendo o futuro desse mesmo dia enquanto estamos ainda no passado desse dia e ainda assim todos nós estamos vivendo no presente!

Louco, não é? Agora continuem esse exercício pensando em como é viajar daqui para lá de avião ou voltar de lá para cá. Maior confusão de dias e horários, mas também muito interessante.

Essa foi apenas uma forma de demonstrar que o tempo não segue uma linha tão linear como nós gostamos de traçar para ele e lembro aqui que o tempo também é uma percepção que nós fazemos de um fenômeno, assim como todas as coisas que gostamos de nomear, medir, inventar, teorizar e por aí vai.                                                                                                                                                                                                                                                                         -----FIM DA PAUSA 









 A SABEDORIA DA CORUJA


João mantinha um bom casamento, assim ele pensava. Mas passados dois anos, acabou descobrindo que a esposa o tinha traído. A briga foi feia e ele pediu para que ela saísse de casa, mas ela suplicou para que lhe desse mais uma chance. Sem saber o que fazer, João foi procurar seu avô, Antonio, homem bem vivido e experiente, muito mais velho evidentemente.

Seu Antonio analisou o caso e falou para João dar nova chance para a esposa. E assim ele fez e assim, novamente, a esposa o traiu. Nova briga, dessa vez ele a deportou da residência sem dó. Nos dias seguintes recebeu diversos telefonemas da mulher arrependida do que tornara a fazer e pedindo perdão.

Sem saber o que fazer, João desta vez foi recorrer a uma velha cigana que morava perto de sua casa, podia ver o futuro, diziam os vizinhos e amigos. Lá ele foi e a velha cigana com aparência de mil anos nem precisou olhar a mão de João, rogou toda a experiência de seu milênio na Terra e disse para ele que se era a segunda vez que ela pedia uma chance era por que realmente ela iria mudar.

João aceitou voltar com a mulher pela segunda vez. E pela terceira vez ele foi chifrado. Não teve outra briga, apenas pegou as roupas dela e colocou do lado de fora da casa. Um mês depois ela pediu para se encontrar com ele. Antes de ir ao encontro, João resolveu procurar alguém que fosse experiente, mas que também entendesse de traições. Foi até o puteiro da cidade e falou com Jandaya, 30 anos na profissão do meretrício e conhecedora dos mistérios das mulheres mais liberais. Após explicar que era a terceira vez, Jandaya refletiu bem sobre a histórias de outras putas que por ali passaram e disse para ele parar de se preocupar, que provavelmente ela precisou procurar algumas aventuras fora do casamento devido a rotina sexual deles estar, talvez, um pouco monótona e tudo o que ele tinha que fazer era apimentar a relação que ela nunca mais o trairia.

João foi conversar com a esposa, ela pediu pra voltar e ele aceitou. Apimentou a relação, fez de tudo o que nunca tinha feito antes na cama com a mulher, até coisas que nem imaginaria antes fazer e então... A mulher lhe meteu os galhos pela quarta vez.

João por fim cortou qualquer relação com a antiga esposa, nunca mais atendeu a um dos seus telefonemas, abriu uma mensagem sua no celular ou mesmo passou do mesmo lado da rua. João também nunca mais pediu conselhos para o avô, para a cigana ou para a dona do bordel. João se casou novamente quatro anos depois. Essa não o traiu, pois preferia comprar coisas a fazer sexo.

Sabedoria 1: Gente velha também pode ser burra, não aceite conselhos só pelos cabelos brancos.

Sabedoria 2: Quando mulher descobre o que gosta ela faz bastante, seja o que for; e lembre-se: se elas não compram em uma loja só,  as outras coisas também não se limitam a um único lugar. 







       AS PERIPÉCIAS DE PEDRO GÓLI


Pior que um bêbado já bêbado é um bêbado querendo ficar bêbado. E isso foi determinante para um fato em mais um dia na minha vida bagunçada pelo álcool demoníaco.

Tudo começou com o pedido de ajuda de um amigo meu que na verdade tinha dormido lá em casa depois que voltamos de uma festa. Ele tinha que ir até a cidade vizinha para buscar a avó dele no aeroporto, mas a situação não tava muito boa.

- Ei Pedro, Cê pode quebrar meu galho e ir buscar a velha no aeroporto?

- Ah cara, tem jeito não, to podre.

- Mas eu to pior, olha só, vomitei um monte e acho que to cagado.

- Putz, olhando bem, parece mesmo, sei lá... Mas...

- Ah vai cara, só chegar lá, pegar a velha e voltar. Se você for eu te dou as duas garrafas que sobraram na mochila que catei da festa.

- Que duas garrafas?

Ele então puxou a mochila que tinha usado como travesseiro e tirou de dentro duas garrafas lacradas: wisky e vodka. Para mim não foi necessário mais qualquer argumento.

- Qual o nome da velha e como ela se parece?

- O nome da minha vó é Angela e ela, tipo, sei lá, parece uma velha, bem velha, baixinha, cabelo bem branco e tals. Mas ó...

- Que tem?

- A velha fica meio desorientada quando viaja de avião e tipo, às vezes ela não me reconhece e não quer sair do aeroporto, então tem que convencer ela a ir pro carro. Ela fica meio braba, mas quando chega e vê a famiage, tudo se resolve.

Nem ouvi mais nada. Por uma das garrafas eu já ia buscar a velha, nem que eu tivesse que arrastar ela pro carro. Só tinha um problema, eu não tinha carro.

Saí meio sem plano algum, mas logo avistei o vizinho da frente, dormindo na grama e de portão aberto. Cheguei direto e fui pedindo uma ajuda.

- Oh Cidão, tem como me descolar teu carro rapidão? Servicinho de uma hora no máximo.

O Cidão abriu o olho que ainda tava fechado.

- Mas cê tá bêbado?

- Tava ontem, Cidão, agora to de ressaca.

- Mas não sei. E se eu tiver que sair daqui?

- Do jeito que você tá, só sai pra ir pro sofá mais próximo.

- Verdade, mas...

- Faz assim, me empresta o carango e eu te deixo escolher se você quer uma garrafa de wisky ou uma de vocka. Fechadinhas.

- Fechadinhas?

- Isso, igual a minha última conta bancária.

- Beleza, pega lá a chave em cima da pia do banheiro e vaza. Depois me traz uma das duas.

- Tem gazoza?

- Nem sai ontem, bebi aqui mermo. Tá na tampa.

Peguei a chave e fui com tudo pro aeroporto. Pra minha sorte a questão de ter gasolina no carro não era papo de bebum desnorteado do Cidão. Cheguei e parei na área de embargue. Nem ativei o alarme, apenas corri pra dentro do saguão. Não parava de pensar na recompensa, mas ainda não tinha me decidido qual das garrafas ficaria comigo.

O lugar não tava tão movimentado, devia ser o dia da semana não sei. Olhei de um lado pro outro até que finalmente avistei a tal velha. Baixinha, meio encurvada pela idade e cabelos bem brancos. Me aproximei e a cumprimentei.

- Olá senhora, vim buscar você a pedido do seu neto. Ele não pode vir pessoalmente...

- Que neto? Eu não tenho neto nenhum.

- Ele me avisou que você poderia ficar assim.

- Assim como? Quem avisou?

- Olha, não vamos brigar, só vim buscar a senhora e levar pra casa.

- Mas eu sei ir pra casa sozinha, não preciso de ajuda seu...

- Qual o nem da senhora?

Antes que ela respondesse, uma beldade morena com um corpo desses de moça que fica segurando a plaquinha de piloto da stock car passou bem ao meu lado. Torci o pescoço que nem a guria do O exorcista e então voltei a prestar a tenção no que a velha falava.

- ....angela. Esse é meu nome.

- Então é você mesma, minha senhora. Vamos. Chegou agora?

- Não, eu to esperando pra...

- Ih, foi mal. A gente deve ter dormido demais. No caminho eu conto.

- Olha jovem, eu não se quem você é e eu tenho que esperar...

- Mas eu já disse, sou amigo do seu neto. Agora vem e não reclama.

Peguei a mão da velha e fui puxando como dava, a imagem daquelas garrafas não saia da minha cabeça e logo o gargalo não sairia da minha boca. A velha resistia tanto que um segurança do aeroporto veio ver o que tava acontecendo. A velha falava que tava sendo sequestrada, aí chamei ele pro lado e expliquei as condições que ela ficava na viagem. Liberados, fui até o carro e enfiei a velha dentro dele. Voltei como um louco na estrada, louco pela bebida que nem tinha percebido como a velhinha ficou estática com medo que eu batesse o carro, pelo menos ficou quieta o tempo todo.

Quando chegamos ela não quis descer do carro, então fui chamar meu amigo. Ele foi correndo receber a avó, mas aí deu problema.

- Oh Pedro, essa não é a velha não.

- Como não? Ela é do jeito que você falou e tudo.

- Eu sei, acho que até eu me confundiria, mas cara, não é ela..

- Não? O senhora, fala seu nome pra ele.

A velha já me batendo onde podia, gritou:

- Rosângela, meu nome é Rosangela.

Maldita daquela mina gostosa!

No fim, percebi que cometi uma besteira das grandes, essa velha estava no aeroporto esperando pra viajar, até por isso tava sem nenhuma bagagem. A outra velha, a certa, tava esperando dentro de uma sala de companhia aérea, pois tinha ficado agitada depois do voo. Pra minha sorte consegui voltar a tempo da primeira velha pegar o avião e pude então trazer de volta a velha certa.

Ainda levei meu amigo e a avó, que era bem mais legal que a velha pirada da primeira viajem, na casa dos pais deles. Voltei e entrei na garagem do Cidão, levei a chave de volta pra pia do banheiro, fui até em casa, catei as garrafas e voltei até o jardim. Senti na grama ao lado dele.

- Qual que tu quer?

- Sei lá, vamos tomar as duas agora.

Sugestão feita, sugestão adotada. Tomamos as duas inteirinhas e desmaiamos ali na grama mesmo. Deixamos o portão aberto. Acordamos quando passava das seis da tarde. O carro tinha sido roubado. Cidão nem ligou, disse que tinha seguro, fomos a pé fazer um b.o. e depois paramos no posto pra aliviar o dia com uma cervejinha.



FUI-ME!!!

sábado, 7 de maio de 2016

SOBRE DOCES E PESSOAS

Olá pessoas!

Muito aconteceu nesses meses, coisas ruins das quais não se faz bem lembrar e coisas ótimas, como virar tio de gêmeos, algo para se escrever ao longo dos anos e muitas diversões. No momento só mais um pouco de reflexão sobre a humanidade, um pouco de revolta com uma prova e é claro, meu querido amigo Pedro Góli, boa leitura para quem ler!




          SOBRE DOCES E PESSOAS

Certo dia de verão, clima até ameno, a avó levou o neto de seis anos de idade até o parque para que ele pudesse brincar bastante e gastar a energia peculiar a toda as crianças. Não raro, ao observar o netinho correndo de um lado ao outro, a velha senhora ficava saudosa de seus tempos de infância e de todo vigor que tinha naquela época. Hoje, o simples fato de conseguir ir e voltar do parque já lhe deixava muito feliz.

Seus tempos eram outros, bem verdade, e a família era bem mais numerosa. As vezes ressentia-se de o neto não ter tido irmãos e irmãs como ela teve aos montes, sem contar todos os primos e até meios-irmãos. Sua filha escolhera ser mais precavida nos tempos atuais e ter um filho já se torna uma imensa responsabilidade. Talvez nesse ponto ela até tivesse acertado, uma vez que já tinha se separado do marido há algum tempo.

E foi sobre isso que o netinho, depois de tanto brincar e acabar por sentar-se no banco ao seu lado, perguntou para ela:

- Vovó, ontem eu estava com o papai e ele sempre está bravo com a mamãe e quando eu falo dela ele faz cara feia. Eles não ficaram juntos por que eu nasci?

A avô ficou pensativa por alguns instantes, sabia que não poderia responder de qualquer maneira para o neto, as crianças podem levar muito a sério as opiniões dos adultos e tomarem como verdade absoluta se essas opiniões se repetem por muito tempo. Ela não queria que o netinho tivesse uma impressão errada do que queria dizer, então tentou explicar da forma mais suave que lhe veio à mente.

- Vamos fazer o seguinte. Vamos brincar de imaginar as coisas está bem?

- Tá.

- Certo. Eu vou falando e quero que você vá criando as imagens na sua cabeça de tudo o que vou falar.

- Tudo bem, pode falar vovó.

- Sabe quando você passa por uma padaria e vê os doces no balcão? Imagine que você vê um pedaço bem bonito de bolo de chocolate, o que você faria?

- Comeria ele.

- Sim, você quer comê-lo. Mas veja bem, você viu aquele bolo que deixou você interessado, e acabou levando ele para casa para poder comer. Mas tinha um problema que o moço da padaria não tinha falado para você sobre aquele bolo.

- Que problema?

- Que, na verdade, aquele bolo de chocolate tão interessante era feito de chocolate meio amargo.

- Eca! Eu não gosto desse tipo de chocolate.

- Só que para você descobrir isso, primeiro você teve que levar o bolo para casa e depois ter dado uma mordida nele. E o que você faz quando não gosta do bolo?

- Eu dou para outra pessoa que goste.

- Isso é muito legal da sua parte. E é aqui que as coisas se parecem um pouquinho com o que aconteceu com seus pais.

- Como?

- Bom, quando a sua mãe conheceu o seu, viu ele a primeira vez, ela achou que ele era a melhor pessoa do mundo para ela e então, claro, ela quis levar ele para casa. Mas depois de um tempo, um tempo bem maior do que você leva para morder o bolo, ela acabou percebendo que não gostava dele.

- Ele era de chocolate amargo também?

- Ahuahua, um pouco eu acho. Bem, depois que ela percebeu o que realmente sentia ela então deixou que ele fosse embora.

- Mas por que ela fez isso?

- Ora, para que as coisas ficassem certas. Você não ia dar o bolo para alguém que gostasse?

- Ia sim.

- E foi o que a sua mãe fez. Como ela descobriu que o seu pai não era a melhor pessoa do mundo para ela; ela decidiu deixa-lo ir para que ele encontrasse alguém para quem ele possa ser a melhor pessoa do mundo. Apenas isso. Entendeu?

- Acho que sim, mas por que ele fica bravo quando...?

- Acho que o gosto amargo do chocolate ainda não saiu totalmente da boca dele, mas um dia isso vai passar. Sabe, o grande problema das pessoas em relação as outras é que algumas percebem bem rapidamente esse gosto amargo e não ficam remoendo isso por muito tempo, mas há aquelas que são teimosas demais achando que algum dia irão conseguir colocar um pouco de açúcar sobre essas pessoas e se prendem por muito tempo a elas. Infelizmente elas não conseguem e perdem muito tempo com algo que não as deixa felizes.

- Mas vovó, se o papai foi encontrar alguém para ele ser a melhor pessoa do mundo, por que a mamãe ainda não encontrou alguém para ela?

- Na verdade ela já tema alguém para ser a melhor pessoa do mundo e tenho certeza de que ela encontrara um outro alguém para ela também.

- E quem é essa pessoa?

- Oras, é você meu querido, sempre será você. Ah, mas não pense que seu pai também não pensa assim, ele também sabe que para você ele também deve ser a melhor pessoa do mundo. Entendeu?

- Acho que entendi. Eu achava que eu tinha culpa, mas agora vi que não.

- Nunca teve, meu amor.

- Vó, vou brincar mais um pouco, mas depois a gente podia fazer uma coisa?

- E o que você quer fazer depois?

- Quero ir comer bolo. A gente pode?

A avó sorriu. E assentiu com a cabeça, dizendo:

- Mas é claro que sim. Vai querer de chocolate?

- Acho melhor não. Vou pedir de morango dessa vez!


E lá se foi o netinho correndo ao encontro das outras crianças que tinha deixado de lado por esse breve momento em que conversara com a avó. E ela apenas continuou a olhar para ele e a relembrar dos velhos tempos. E que bons tempos!




PAUSA

 Esses dias fui fazer mais uma prova na faculdade, e dessa vez eu tinha estudado demais da conta a tal matéria. Estava tão confiante que realmente achava que não havia como ir mal, afinal até exercício na net eu fiz, dos mais fáceis aos mais difíceis, com uma média de acerto de 90%. Logo, eu estava achando que no mínimo uma nota perto de 9 sairia. Isso durou até eu começar a ler a prova, dali para frente foi um terror inigualável e eu entendi finalmente que, por mais que você estude, sempre tem um professor pra fazer uma prova além dos estudos. Depois da prova, já desanimado, parei para pensar, e rir um pouco, de como seriam as reações das pessoas que precisariam escolher uma alternativa para chutar como eu fiz, acho que seria mais ou menos assim:

Pessoa religiosa cristã tentando chutar e olhando para a letra:

A)   Ah meu Pai amado, Senhor dos senhores, Reis dos reis, me ajuda nessa hora e abençoa essa alternativa.
B)   Bem-aventurados os humilhados, por que deles é o Reino dos céus.
C)   Creio em Deus Pai, Todo Poderoso, criador do céu e da terra...
D)   Deus, se eu acertar essa, nunca mais falto ao culto/igreja/célula/etc....
E)   Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, Amém ou na versão evangélica: Em o nome do Senhor, o Sangue de Jesus tem poder.


Pessoa que chegou depois da festa, bêbada:

A)   Ahuahuahuhauhauh, que merda tá escrito aqui?
B)   BUUUUURRP, mals aí galera, ainda não saiu tudo!
C)   Como era mesmo o nome da mina/cara que eu peguei ontem a noite?
D)   Disgrama de vida, que que eu tô fazendo nessa sala se eu podia tá tomando umas?
E)   É melhor eu marcar logo alguma coisa pra ir vomitar no banheiro se der tempo...


Eu, fazendo a tal prova:

A)   Agora to vendo que deveria ter estudado bem mais.
B)   Bom, não tem mais jeito, vai nessa mesmo.
C)   Caralho que não to entendendo porra nenhuma. Vai C mesmo que sempre dá certo.
D)   Demorei demais nessa questão, bora pra próxima.
E)   Então que se foda, vai ser essa aqui, apesar que quase nunca a resposta tá na E.
FIM DA PAUSA



   AS PERIPÉCIAS DE PEDRO GOLI

Esses dias eu vi uma notícia em um canal qualquer de televisão, parece que uma freira que arrecadava dinheiro para os pobres estava gastando tudo pra ela mesma. Só não consegui entender com o que, já que eu nunca vejo freiras com joias e outras coisas. Mas isso me fez lembrar de uns acontecidos de meses atrás. Eu sei que as pessoas nem sempre são o que parecem ser, algumas sim, mas veja meu caso; eu pareço ser apenas um cara que não faz nada e só pensa em beber e na verdade..., bem, na verdade eu acho que é isso mesmo.

Mas essa história não é sobre mim e sim sobre o que eu fiz, merda, então também é sobre mim. Ah, foda-se. Leia aí que você irá entender.

Eu tava indo pro prédio de um camarada meu e antes de chegar no local encontrei com outro parça na rua. Ele perguntou o que eu tava fazendo e falei que ia ver o Joao.

- Serio véi? Pode fazer um favor pra mim?

- Ah cara, nem dá, não posso atrasar.

- Mas véi, é um favor lá no prédio do Joao e ainda ganha uma grana.

Bem, grana significa vodka, então eu aceitei.

- Olha só, pega esse pacote aqui e entrega no apartamento da Monaliza no segundo andar, número 21. Firmeza? Aí ela vai te dar uma grana e você pode tirar 30 pra você.

- Beleza, dá o pacote.

O pacote era um quadrado embrulhado em papel branco. Pelo peso eu sabia o que era. Só podia ser um bloco de maconha. Mas como não era da minha conta, fiquei quieto e continuei meu caminho.

Confesso que eu tava tão de ressaca naquele dia, que dei a volta na mesma quadra umas três vezes, quando eu achei que tava perdido, lembrei de olhar para cima e vi o prédio do Joao do outro lado da rua. Fui direto pra portaria e o seu Jaime, o porteiro, já sabendo pra onde eu ia me pediu um favor também:

- Pedro, já que você vai no apê do Joao será que você poderia antes parar no segundo andar e entregar uma coisa pra dona Maria Aparecida?

- Vai rolar uma grana?

- Poxa Pedro, faz um favor pro seu amigo aqui, eu sempre alivio quando vocês fazem arruaça na área livre do condomínio.

Ele tava certo. O Jaime era gente boa e quando a gente fazia algazarra de tão loucos que a gente tava quando a galera se reunia perto da piscina, ele aliviava a barra legal pra todos. Até na vez que mijamos na piscina e deixamos todos aqueles rastros coloridos na agua e jogamos todas as garrafas de cerveja dentro dela, ele logo cedo limpou todas as evidencias.

- Deixa comigo, o que eu tenho que entregar?

- É esse pacote aqui. Ela mora no segundo andar, apartamento 22. Toma!

Peguei o pacote. Era um quadrado embrulhado em papel branco. Segundo o Jaime era uma bíblia e ela tava esperando fazia tempo.

Apertei o botão do elevador e quando a porta abriu, vi que tinha um cara lá dentro. Mas eu não ia cair nessa de me olhar no espelho e achar que era outra pessoa, eu sempre fazia isso quando tava nesse estado. Pra descontrair a subida comecei a mandar beijinho pro meu reflexo. Tava parecendo uma bichona bem louca. Só parei quando ouvi a resposta:

- Oh cara, eu não curto isso não!

Putz. Dessa vez tinha mesmo um cara dentro do elevador comigo. Tentei me retratar.
- Mals aê. Pensei que você fosse eu...

Acho que ele não entendeu nada daquilo e fiquei aliviado quando a porta do elevador abriu no segundo andar. Espero que nunca mais veja esse cara na minha vida.

Tava com os dois pacotes em mãos, mas aí aconteceu maior problema. Os dois eram quadrados e brancos, e agora? Tentei sentir o cheiro pra ver se diferenciava a maconha da bíblia, mas a ressaca tava tão foda que tudo cheirava à pão de queijo. Bom, o jeito era arriscar, eu tinha 50% de chance de acertar as entregas, mas sabia que tinha que fazer isso certo, até por que as duas vizinhas tinham históricos de reclamações uma da outra. Também pudera, Monaliza era uma louca de pedra, que vivia fumando maconha no prédio e Maria Aparecida era daquelas crentes que oram alto pra Deus ouvir bem lá em cima.

Bati na porta das duas, entreguei um pra uma, outro pra outra, peguei a grana, separei minha parte fui pras escadas para subir até o andar do Joao, por que deu cagaço de encontrar aquele cara de novo no elevador. Acho que demorei uma meia hora chegar no andar certo, por que em vários momentos quando eu tava no meio de um lance de escada eu esquecia se tava subindo ou descendo.

Pra resumir os fatos, eu entreguei os pacotes errados. Quando me contaram achei que ia dar maior galho pra mim. Mas sabem o que aconteceu? Monaliza e Maria Aparecida se tornaram grandes amigas dali pra frente, tudo por que uma foi no apê da outra devolver o “engano” e acabaram por se convencer mutualmente. Tipo, agora as duas sempre se reúnem para ir ao culto e depois dão uma chegada nas praças pra puxar unzinho.

Aí que eu falo das aparências. Quem diria que alguma dessas duas algum dia iria compartilhar algo com a outra que julgavam ser coisa de imbecil, tanto de um lado como do outro.

E foi assim aquele dia, o legal é que o meu parça ficou feliz em ter arrumado outra cliente e quis dividir mais uma graninha comigo, mas eu saltei fora dessa de ser entregador, afinal, eu percebi que não levava jeito pra coisa.



FUI-ME!!!