O ano não começa muito bem, e não era para ser assim logo na primeira postagem de 2013, mas enquanto não aprendemos a respeitar a todos, a nos vermos como iguais e entendermos que precisamos muito uns dos outros nessa vida, coisas ruins continuarão a acontecer.
Abalado sim, indignado sim, pedindo por justiça sim, mas incrédulo ainda que algo vá mudar. Nos resta a esperança, que não morre de teimosa e continua a nos dar a mão para um amanhã, quem sabe, melhor que o hoje!
E ficam as comparações......
Fico sempre abalado com algum acontecimento
em que alguém perde a vida, mais ainda quando são várias vidas ao mesmo tempo.
Levei dias para digerir o onze de setembro, levarei dias para entender Santa
Maria e ainda fico indignado ao ler notícias e mais notícias da morte de
pessoas em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, etc...
Não são as mortes naturais ou acidentais
que me incomodam, são os “assassinatos” que ocorrem todos os dias, parecendo
querer fazer parte do nosso cotidiano, que me deixam indignado e triste. Penso
muito que poderia ter sido eu ou alguém que eu gosto quem parou numa lanchonete
ou padaria à noite para comer um lanche e acaba sendo fuzilado por bandidos,
que poderia ser eu ou alguém que gosto que foi confundido com um desses
bandidos, que poderia ter sido eu ou alguém que gosto quem saiu para ir se
divertir e não voltou mais. Não tento me colocar no lugar daqueles que tiveram
suas vidas ceifadas pela selvageria e irresponsabilidades dos outros, apenas
não consigo compreender por que tudo parece estar banalizado, e isso me marca
profundamente.
Também não entendo as reações das pessoas
quando tragédias acontecem. É emocionante e lindo ver a união de todos tentando
ajudar as famílias das vítimas em grandes catástrofes, porém sempre me pergunto
o por que não fazemos o mesmo quando temos um acontecimento isolado, onde uma
ou poucas pessoas são vitimadas? Afinal, pra onde vai nossa solidariedade
quando o impacto não é tão grande para a comunidade? Por que esquecemos que o
impacto é o mesmo em uma família que perdeu apenas um membro? Estamos nos perdendo em meio a tanta
injustiça ou apenas não nos importamos de verdade?
A resposta está em cada um de nós, em cada
uma de nossas atitudes. Não importa se
você arregaça as mangas e tenta consolar aos inconsoláveis, se você sai em
passeata exigindo que alguma coisa seja feita ou simplesmente sinta que também
perdeu um pouco do Mundo a cada vez que alguém injustamente parte desta Terra.
O fato é que de alguma forma você se importa,e se você se importa, sabe como eu
me sinto quando essas coisas acontecem.
O que ocorreu naquele clube retrata de
forma completa o que é nosso País em todos os aspectos. Ali está mostrado de
forma clara e aberta todos os erros que decorrem da nossa “cultura” às avessas
do que é certo e errado, do nosso desrespeito com o próximo, da nossa ganância
sem limites, entre tantas outras coisas. Temos ali a representação de um lugar
que funciona de qualquer jeito, objetivando o lucro e para isso valendo-se da
inoperância dos sistemas fiscalizadores e até mesmo da corrupção de agentes que
preferem ter um ganho a mais que exercer a função a qual deveria de forma
honesta e responsável. O quadro pintado por artistas macabros que agora fazem o
tradicional jogo de empurra mostra nossa realidade do dia a dia num Brasil
caótico em que todos fingem estar dentro das regras que adoram burlar. O local
era inadequado, cheio de falhas, que aceitava superlotação por mais dinheiro,
equipamentos de fachada que faziam apenas números, mas não funcionavam. Pessoal
totalmente despreparado exercendo um trabalho importante. Comprometimento em
regularizar o que fora apontado como irregular em determinado período e que
ficou esquecido, por ter que gastar uma grana, por um fiscal que nunca voltou
ou que foi comprado ou que por qualquer motivo não tava nem aí. Sumir com
evidências importantes. Utilizar de material barato quando há no mercado
produtos com maior segurança, porém com um custo mais elevado. E
principalmente, deixar de fazer as coisas da forma certa, calculada e
verificando-se todos os aspectos importantes (preparo, responsabilidade,
segurança, comprometimento, eficácia, etc...) e fazer tudo “nas coxas” como
estamos tão acostumados.
Não é incrível com analisar um
acontecimento num local de certa forma pequeno, nos mostra o que somos como
País? Sim, somos um País irresponsável, do “jeitinho”, do “faz me rir”, do “não
é comigo, então dane-se”, do “ depois eu faço”, da deseducação, da lei que não
serve para todos, e tantas outras coisas idiotas que possamos pensar. E o pior?
Sim, provavelmente veremos o País da impunidade novamente nesse caso.
Não me importa se é um bêbado imbecil que
mata inocentes, se são bárbaros traficantes que matam inocentes, se são
policiais corruptos que matam inocentes, se é o descaso de sempre do governo
que mata inocentes (muito mais que qualquer outra coisa) ou se é um empresário
ganancioso que mata inocentes. Vai doer em mim, sempre. Vai doer na sociedade
que é boa. Vai doer nas pessoas que acreditam que podemos melhorar.
Quando será que morremos por termos vivido
o suficiente, por única e exclusiva responsabilidade nossa (por entupirmos
nossas artérias de gorduras, por nos arriscarmos em algum momento estúpido, por
acharmos que dava e não deu...), por motivos que valem a pena?
Um milênio de silêncio ainda seria pouco! |
Pessoalmente farei os comentários plausíveis, mas como sempre usou português enxuto, gostei pois você expôs um sentimento nobre e muito generoso! Abraço
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