quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Procurando o Natal

Olá Pessoas!
Mais uma postagem de fim de ano e novamente gosto de deixar alguma reflexão sobre o tema ou sobre alguma coisa que aconteceu. Desta vez foquei mesmo no natal e todo o significado que esta data teve e tem para mim. Para também celebrar o novo ano vindouro, deixei um pequeno conto da atualidade.
Aproveitem aos que lerem e tenham uma excelente semana de celebrações!




 PROCURANDO O NATAL

Talvez nosso país não tenha aquelas tradições natalinas tão incrustadas na cultura como outros tantos países têm.

Talvez sejam os tempos de hoje que não aceitam tanto espaço para uma celebração e feriado, já que tudo o que parece importar é trabalho, trabalho e mais trabalho. E nem preciso falar do tal dinheiro, esse estranho companheiro. E também nem preciso, mas já faço o relato, de que estou escrevendo isso no meu trabalho, e sim, em pleno dia de natal.

Foram meus tempos de criança e aquela agonia para as férias chegarem e o dia de irmos visitar os parentes em cidades distantes. Reunir toda a família no fim de ano, os adultos com suas conversas chatas e brigas estranhas e as crianças correndo o dia todo e sorrindo, rindo e brincando como se houvesse amanhã para começar tudo de novo.

A ansiedade pelos presentes que nem sempre eram os pretendidos, mas também que em dois minutos ninguém mais ligava. O importante era a turma reunida e claro muita, muita comida.

E lá se ia ao menos um mês diferente, com tanta gente que fica longe da gente e só quando está mais perto realmente ganha o significado de parente.
Claro que um dia tudo muda, os pilares das visitas se vão desse mundo e as pessoas deixam a distância imperar por um ano todo, dois, três e assim por diante. Não importa, ainda temos o natal, ainda comemoramos em família, ainda estamos unidos.

Mas quem dera fosse assim com todos. Já não é. A tecnologia agora promove os encontros virtuais, as felicitações geladas e as emoções em posts de twiteres e facebooks. Eu é que não entendo de mais nada. Abraçar está se tornando motivo de união estável nessas eras contemporâneas (nem sei se eras são assim descritas...).

A razão do natal perdeu a razão, perdeu o calor, perdeu o abraço. Virou do presente o laço, a televisão do desamor e a gordura que entope o coração.

Mas quem liga? Eu ainda ligo. E talvez eu também seja um dos únicos a resistir ao novo modelo de civilização, mas sei lá, dá um aperto em saber que um dia, que só me traz boas lembranças não vá trazer essas lembranças para as próximas gerações.

E assim o mundo se despede devagar ou muito rápido, depende do quanto vivemos, de mais uma tradição, que tem que dar espaço ao corrido mundo dos objetivos práticos e lucro certo.

Obrigado a todos que sempre fizeram meus natais inesquecíveis, eles sempre foram muito importantes.

Feliz Natal!



E agora um poeminha despretensioso como a vida deve ser:

Procurando o Natal (Fábio Begi)

Das lembranças do meu tempo de menino,
Ou dos delírios de quando eu era pequenino,
As andanças pelas ruas no natal
Eram puro fascínio; era uma data especial.

As casas se iluminavam,
Todos os postes se enfeitavam,
Era como um paraíso de luzes e esperança,
No olhar inocente de uma criança.

O natal que a história transforma em algo novo,
De uma festa interminável pagã
A uma contínua celebração cristã,
Surgindo então seu significado religioso.

O mesmo natal que o comércio adotou
E com anos seu sentido modificou,
Mostrando que a felicidade é relegada ao nada
Se de um presente não for acompanhada.

Mesmo o bom velhinho que sempre nos faz sorrir,
Que do mesmo comércio passou a existir
Some da mente das crianças cada vez mais cedo,
Fato esse que nas velhas senhoras causaria medo.

Reluto em aceitar que tudo seja passado,
Que certos valores sejam deixados de lado,
Que todo o seu significado seja renegado
E que o natal futuro será sim, chato.

É que hoje, das luzes que enfeitavam a rua
A única que ainda brilha é a da lua,
E apesar de cansado
de ver esse dia mais e mais abandonado,
Ainda; aquele natal; tenho procurado...
















                                                            A RAVE


 Foi a Rave do fim ano, ou talvez do começo do novo ano.

Elinara não perdeu uma das que foram realizadas em sua cidade, cidade grande claro, com muitos locais amplos e afastados, próprios para o pessoal aproveitar tudo o que pode e o que não pode.

Elinara tinha sua ideia particular de diversão, idéia particularmente dividida por muitos jovens dos tais tempos atuais, o que significa chegar cedo e sair o mais tarde (tarde que é cedo já que o sol já apareceu faz tempo). Nesse meio tempo: festa e ferveção.

Elianara nas Raves se transformava apenas em Nara, não para os mais íntimos, para todos mesmo. Ela detonava no campo de dança, era Techno, Psy, Trance, House e se voltasse alguns anos para o passado seria Dance. Também detonava no Álcool, Bala, Doce, Lança e se fossem esses três logo de cara, detonava na água.

Na Rave do fim do começo do ano foram dois dias, mas Nara deve ter pensado ter passado apenas umas doze horas, que é tudo o que ela lembra até o momento de ir para casa. E é o momento de ir para casa que tudo fica muito chato. Ela sabe que vai ter que ouvir um monte de reclamações da mãe sobre seu comportamento, suas roupas, sua aparência e todo aquele papo de estar jogando a vida fora. Bronca que só será esquecida no fim da outra semana com as duas tomando um sorvete no centro e indo ao salão.

Nara saiu da Rave com plano já traçado. Cabelos presos, bermuda alongada e óculos na cara. Ela sabia que não fugiria do descaso semanal, mas poderia evitar o sermão matinal e ir dormir o mais rápido possível para descansar seu corpo já um tanto desprezível.

A tática seria certeira, entrar impactando, falar gritando e não deixar espaço para a mão reclamar tanto.

Nara desce do táxi em frente à casa, passos firmes, pezada na porta. A mulher esperando na sala leva um susto. Nara acha que ela já deveria estar acostumada com seus horários de retorno. Nara segue reto, não quer perder tempo mesmo. Porém acaba sendo barrada bem à sua frente. Percebendo que não teria como ir para o quarto sem a discussão, parte para a tática do grito. Ela espera pela primeira frase para depois atacar:

- Mas o que é isso? – Pergunta a mulher ainda assustada.

- Nem vem com sermão, não estou muito bem agora e se quer conversar é melhor esperar eu acordar, quem sabe daqui um ou dois dias. – Fala Nara bem alto encarando com seus óculos aquela figura que não sai da sua frente.

- Olha mocinha, eu não sei o que você está pensando... – Tenta continuar a mulher.

- Não me venha com mocinha, bebezinho, amorzinho ou o caralho que seja. Estou cansada e quero dormir. – Diz Nara ainda mais nervosa.

- Pois eu se fosse você parava com isso e saia daqui, senão chamo a polícia. – A mulher tenta um tom mais forte.

- Mas mãe, que coisa idiota é essa de querer chamar a polícia. É só me deixar dormir e depois discutimos. – Nara fica levemente confusa.

- Olha menina, eu não sei o que você tomou e de onde você veio, mas aqui não é a sua casa, eu não sou a sua mãe e você está parada gritando com a minha geladeira...

Foi a Rave do fim do começo do ano. Nara sempre vai achar que essa foi a mais louca de todas elas e com uma certeza, pois dessa vez teve que andar meia cidade para chegar em casa e ainda ouvir a sua mãe zangada lhe dar um sermão com muita clareza.

Foi A RAVE...


ANO NOVO DE NOVO!!!!
FUI-ME!!! 

domingo, 7 de dezembro de 2014

Mãos, tempos e deuses!

Olá pessoas!

Fim de ano, bora fazer promessas e metas para o próximos ano que não iremos cumprir de qualquer forma, mas como é bom viajar no pensamento das probabilidades e possibilidades, vai que numa delas a gente acerta...

Hoje, para aqueles que lerem, temos mais uma dessas inspirações do cotidiano, um pouco de comparação da vida entre os tempos e também mais uma conversa de vampiro, dessa vez mostrando que distância pode ser a resposta às questões que não compreendemos direito. Boa leitura e ótimo fim de ano!


A mão estendida.

Uma mão se estende através do vidro aberto de um carro, na mão uma nota de cinco reais. Um pouco distante um senhor corre em direção ao carro, não vejo o complemento da ação, meu veículo já tinha passado a cena, mas seu final é um tanto óbvio.

No pequeno trajeto até minha última parada do dia, ou da noite, fico pensando se a velocidade empreendida até aquela mão exercida pelo velhinho um tanto manco teria sido a mesma se o que estivesse sendo seguro por ela fosse um sanduíche, um copo de café ou quem sabe mesmo, vá lá, um livro.

Claro que cada um sabe do que precisa e geralmente o dinheiro poderá prover qualquer necessidade que vir a aparecer a qualquer hora, mas e se de-repente naquele momento ele não estivesse com fome e o dinheiro acabasse servindo para coisas supérfluas, daí, depois vem a tal fome e o dinheiro que veio, já foi. Se fosse o sanduíche poderia ter sido guardado para esse momento, mas o dinheiro se vai a todo momento.

Não sou eu que irei dizer o que outros precisam e porquê precisam, eu também nunca sei do que irei precisar e considero que muito menos as outras pessoas saberão, só sei que se tentar estabelecer todas as minhas vontades contando com o dinheiro que terei ao longo dos dias para sanar a todas elas, eu certamente ficarei em dívida com essas necessidades.

Há doações que nos parecem inúteis por que não aprecem nos dar algo que queríamos atingir, doar conhecimento, doar alimentos, doar atenção, doar solidariedade, doar medicamentos, doar roupas e camas e tudo o que mais pudermos, nada disso parece atingir mais às pessoas que doar o tal dinheiro, o tal fazedor das vontades instantâneas que sempre teimam em não ser as vontades que os doadores querem que elas sejam. Num contexto explicativo, se você quer doar o malfadado sanduíche o donatário quererá mesmo é uma cervejinha e aí o poder transformador do dinheiro em qualquer coisa que ele possa pagar que resolve no ato o gosto do cliente, ops, do ajudado.

Fica difícil tanto de entender como de explicar que muitas coisas poderão ser mais uteis quando são doadas por serem de uso mais futuro que imediato, mas que esse futuro se tornará imediato em algum tempo e aí, bom aí vão ter que entrar com mais dinheiro. E tanto é o desejo do doador se sentir útil quanto do donatário se sentir agradecido que ambos sabem que o dinheiro é a doação mais “acertada” em qualquer ocasião, é como nunca errar no presente de aniversário a quem se quer agradar, é certo, é na mosca!


É nesse ponto que eu deixo de questionar o motivo de sempre pedirem dinheiro em qualquer doação, seja na rua, seja na televisão, seja na igreja. É como a gente já sabe, cada um sabe do que precisa e só há uma coisa que pode ser todas as coisas que se põe necessárias, mesmo que nós nem saibamos o quanto não precisamos delas e do que iremos precisar apenas ignoramos.






----------------------------------PAUSA

Tempos

1930 – Seu Firmino levantava antes do sol, quatro da manhã, por que as vacas não esperavam para dar leite e também tinha que preparar o café. Lá pelo meio dia vinha o almoço, depois de uma manhã toda servindo e preparando os animais. De tarde vinha um serviço mais braçal, preparava a lavoura e colhia o que já estava pronto. Ainda tinha que levar tudo pra cidade antes do anoitecer para vender nos mercados e voltar pra casa. Seu Firmino tinha 40 anos com cara de 60. Nunca teve sequer um resfriado, apenas alguns problemas de coluna e um ombro maltratado, porém morreu mesmo do coração, naquele tempo nem sabia que comida muito gordurosa poderia matar tão cedo.

1980 – Seu Francisco levantava cedo, seis da manhã, pois ele é quem levava as crianças para a escola. A mulher fazia o café e todos comiam rápido. Depois de deixar os filhos, Francisco ia direto para o escritório, não almoçava em casa, precisava fazer o mundo melhorar, naquela época podíamos tudo. Francisco não descuidava da saúde e todos seus exames médicos eram primorosos, além de sempre sair para correr aos finais de semana. Seu Francisco tinha 40 anos com cara de 40. Mas morreu pelas complicações da aids, afinal ele sempre gostou de uma saída cm os amigos de escritório nos fins de semana em alguma boate qualquer. Infelizmente, naquela época, não existia diagnóstico para esse mal.

2014 – Fabiano acorda quase cedo, a aula é as oito, mas como vai de carro ele chega em poucos minutos. Não toma café por que não dá tempo, mas no intervalo tem muita coisa frita na cantina e o bom refrigerante. Chega em casa na hora do almoço e come qualquer coisa bem rapidamente, vai direto pro computador ou fica olhando o celular a todo o momento. Lá pelas seis da tarde encontra a galera e conversam sobre nada e coisa alguma, todos com celular em punho. Comem um lanche na rua com mais refrigerante e combinam onde irão encher a cara no fim de semana. Fabiano tem 20 anos com cara de 17 e também já tem diabetes, hipertensão, colesterol alto e vive com dores de cabeça. Mas ele não vai morrer aos 40, pois ele já sabe que tem de tomar quatro tipos diferentes de medicamentos todos os dias para continuar a ser exatamente assim.

                                                FIM DA PAUSA------------------------------






Onde estão os deuses?

- Pessoas dizem que vampiros servem ao demônio, isso é verdade?

- Pessoas buscam explicações que são convenientes pela simplicidade e jamais tentam entender a verdade quando ela é muito complexa. Acreditar em servos de um demônio me parece mais atraente e simples do que entender uma evolução de espécie. Aliás como acreditar nos demônios dos humanos quando eles também nem sabem direito que são seus deuses?

- Eu imagino que todos saibam quem são, mesmo que sejam diferentes, todos tem histórias que geram crenças e tantos outros traços fundamentais de uma religião baseada em algum deus.

- E onde estão agora?

- As pessoas que creem?

- Não, os deuses delas?

- Acho que cada um está onde cada religião diz que assim está, eu não sei.

- Nem você sabe e nem mesmo eles sabem. Apenas acreditam no lugar, mas não viram nem o lugar e nem o deus.

- Mas ninguém nunca viu qualquer deus...

- Tem certeza?

- Bom, não há ninguém hoje que possa dizer algo sobre isso.

- Hoje, esse é exatamente o tempo certo para o nunca ter visto um deus, mas no ontem as coisas tendiam para o outro lado.

- As pessoas viam os deuses antes?

- A humanidade tem uma característica incrível de conseguir afastar qualquer coisa que não possa explicar, de fato antigamente os deuses eram vistos e estavam tão presentes quanto um humano do outro. Quando os deuses eram astros, como o sol ou a lua, eles estavam presentes quase todos os dias, para serem observados e adorados. Quando os deuses moravam em uma montanha, mesmo que os homens fossem temerosos para subir ao seu encontro, bastava invocar seus nomes para, se merecedores fossem, ter uma bela conversa com qualquer um deles. Em algumas religiões as pessoas até mesmo sabem que seus deuses se mesclam a animais e por isso reverenciam as criaturas que dão base à crença. Mesmo nas atuais religiões dominantes desse mundo, era habitual deus vir se relacionar com os homens, mesmo que não fosse em outras formas. Muitos profetas tinham contato direto com deus, mas então vem o hoje.

- Mas isso não estaria no fato do homem ter se tornado mais racional e visto que a Terra não seria a morada ideal de um deus?

- Não, nunca foi por isso. A racionalidade humana não elimina a figura de deus, ela apenas se faz entender que há mais mitos que verdades em histórias antigas e para não ter que explicar quais fatos foram realmente reais e talvez por isso não tão magníficos quanto os fatos inventados os homens escolheram afastar seus deuses deles, isolá-los em reinos que não estão na Terra ou em qualquer outro local do universo, quem sabem estejam até mesmo em algum alternativo como especula a ciência, não importe. O que se mostra verdade é que o homem parece ter se envergonhado de ver seus deuses ao lado e acharam uma solução mais engenhosa para contornar episódios que não poderiam descrever como muitos faziam séculos atrás. Os homens não veem deus como um amigo que pode encontrar todos os dias, não o veem como alguém que está logo ali no topo da montanha ou no espaço. Agora deus está exilado no lugar algum da criação esperando que suas criações encontrem o caminho para esse nenhum lugar, mesmo que eles nem sabiam como é esse lugar, como é o seu deus e principalmente qual é o caminho que os farão chegar lá. Montam regras que não seguem como se fossem dadas pelos deuses e se perdem na sua própria futilidade acreditando que será apenas necessário fechar os olhos e mentalizar um afigura idealizada de seu deus para eu uma enorme escada, talvez quem sabe um elevador celestial apareça e as leve até o novo mundo.

- Então estariam os homens inventando deuses e paraísos? Nada disso existe?

- Inventar é algo ligado a humanidade, no seu âmago. Mas o que quero explicar aqui é que você escolheram se afastar de seus deuses, dando status de inatingíveis à eles apenas por que não conseguem vê-los. E por não conseguirem vê-los encontraram a saída de dizer que eles estão num lugar mágico ao invés de dizer que eles habitam o mesmo mundo em que vivemos.

- Então deus ou os deuses....

- Então os homens perderam certamente a capacidade de entenderem os seus deuses e assim perderam a capacidade de estarem em contato com eles e então talvez um dia esses homens entendam que seus deuses estão muito mais próximos deles, tão próximos que a razão de não poder ver ou falar com eles é que eles não estão na sua frente, atrás ou aos lados, eles na verdade fazem parte de todos e de tudo. Mas isso pode ser muito complicado para qualquer humano que apenas se preocupa com sua própria imagem.


FUI-ME!!!

sábado, 15 de novembro de 2014

A PARANORMALIDADE E A MÁQUINA DE SORVETE

Olá Pessoas!

Indo um pouco onde muitos homens já foram antes, tento trazer minha visão sobre temas não tão compreendidos, apesar de muito estudados. A palavra usada hoje é evolução, evolução de pensamento, de escrita, enfim, de tudo. Apenas algumas ideias que um dia possam ser mais compartilhadas. E pra não ficar de todo monótono, temos ainda uma historinha simpática para distrair uma leitura extensa. Obrigado e leiam com calma!




A paranormalidade e a máquina de sorvete

Antes de iniciar eu devo deixar claro que o meu entendimento sobre fenômenos paranormais não é nada extenso, nada fundamentado e principalmente nada muito racionalizado. Meu contato com o tema se deu muita mais por assistir documentários com o Padre Quevedo e leituras de artigos pela internet do que uma longa busca sistematizada, pesquisada e metodologicamente correta. Mas mesmo assim vou tentar expor minhas idéias sem parecer beirar a inverdade.

Fenômenos paranormais me são entendidos como fatos ocorridos que parecem ter uma fonte “sobrenatural”, mas que na verdade nada mais é que uma produção involuntária da própria mente humana. Esses fenômenos estranhos, quando devidamente estudados de forma científica podem ser explicados, replicados ou até mesmo anulados, ou seja, num estudo sério esses fatos quando não devidamente representados geralmente se apresentam como fraudes. Não é à toa que pelo mundo há pessoas que caçam pessoas que se dizem paranormais; inclusive lembrando que o cético James Randi oferece uma boa quantia em dinheiro para a pessoa que conseguir provar que tem tais poderes e ele não puder provar o contrário, até o dia de hoje o dinheiro permanece em seu bolso.

Mas e as casas mal assombradas? As portas que se abrem e fecham sozinhas? As mesas que se movem em brincadeiras com espíritos? Os barulhos que surgem de lugar algum? Os objetos que flutuam? Os programas de televisão onde grupos reúnem dados e gravações do que parecem ser vozes, entre outras coisas? Como explicar isso? É nesse ponto que entre o malfadado exemplo de não sabermos como usar toda a capacidade do nosso cérebro, logicamente não é bem isso, mas gostamos de pensar que é. Numa rápida exposição de funcionamento cerebral é preciso deixar registrado duas maneiras básicas de ação: a consciente e a subconsciente, de forma bem rala a primeira se refere a tudo o que fazemos em estado de alerta (acordados na maioria das vezes) e a segunda tudo aquilo que fazemos sem saber que fazemos, como registrar uma música na nossa cabeça e lembrar dela ocasionalmente ou mesmo quando sonhamos. O importante a entender aqui é que essa relação dos dois pode se dar tanto de maneira dependente como independente e eu explico da seguinte forma:

Imaginem uma máquina de sorvete. Ela tem dois compartimentos, o primeiro é de onde sai o sorvete que você vai escolher conscientemente, ou seja, você chega na máquina, olha para a máquina, lê numa placa os sabores disponíveis e então decide qual você irá querer. Os segundo compartimento é o da cobertura que você escolhe inconscientemente, ou seja, no momento em que você escolhe o sabor do sorvete a máquina automaticamente consegue saber o sabor da cobertura que você quer sem que você precise escolher a calda, nesse caso você tem total domínio sobre o sabor do sorvete que quer e pode pensar que não terá domínio sobre a calda da cobertura porque não a  escolheu, mas a verdade é que você escolheu sim a cobertura já no momento em que escolhe o sabor do sorvete, só que você não compreende isso. A máquina apenas entende o que você quer por que você já disse para ela o que queria, pois na hora que o seu consciente escolhe o sabor o inconsciente já está enviando qual será a cobertura que você quer com aquele sabor. É uma prática bem simples, na parte consciente da máquina você aperta o botão do sabor desejado - é onde você tem o total controle da ação, e logo depois a cobertura é colocada sem que você possa ter controle da ação efetuada, você escolheu sem saber, mas a ação ocorre de forma basicamente autônoma. Parece mágica, mas quem gerou tudo isso foi você. E a máquina é tão boa que ela até mesmo sabe quem não gosta de cobertura alguma junto com o sorvete.

E o que isso tem a ver com aquilo? Como a máquina consciente/inconsciente, nosso cérebro também trabalha da mesma forma, e tudo o que precisamos fazer para que escolhamos uma cobertura é dar um sabor determinado. Todas as coisas sobrenaturais que ocorrem em algum local, geralmente tem uma história e essa história se torna conhecida, inclusive nos menores detalhes possíveis, desde tudo o que aconteceu ali para que supostamente tornasse o lugar assombrado até todas as coisas “sobrenaturais” que ocorrem quando tem alguém por perto e essa parte é muito importante, ter alguém por perto.

Nenhum fenômeno paranormal será registrado sem a presença de uma pessoa no local, até por que como teríamos as testemunhas dos fatos se elas ali não estivessem? E é exatamente aqui que entra o jogo consciente/inconsciente dependente/independente. Como na máquina o tipo de calda estará dependente do sabor escolhido e é aplicada independente de você agir, as assombrações vão quase pelo mesmo caminho. Sabendo de tudo o que acontece num local que tem fantasmas, você já processou na mente os fatos que podem ocorrer e ainda mais, se você diz realmente acreditar em todas essas coisas, adivinha o que acontece quando você fica num lugar desses? Tudo aquilo que disseram para você que acontece ou pelo menos uma parte.

Como muitos padres que também estudam os casos em que serão feitos exorcismos, muitas das vezes os fenômenos produzidos em um local são fatos mentais e não sobrenaturais, tomam esse aspecto pelo crédito no inexplicável e nas forças invisíveis que as pessoas passam a acreditar dependendo de sua fé e de sua cultura.

Se podemos ou não, inconscientemente produzir ações sobrenaturais, ainda não está totalmente confirmado, mas o que podemos saber é que ainda estamos muito longe de compreendermos todas as coisas incríveis que podemos fazer com a nossa máquina de sorvete mental e não se assustem se algum dia pudermos simplesmente trocar o canal da televisão usando apenas o pensamento, sejam com adventos científicos ou apenas com a nossa evolução natural.


Então lembre-se: Se alguma experiência pela qual você passar ocorrer conforme coisas que você já ouviu falar, viu em muitos filmes, leu em muitas revistas ou mesmo ficou imaginando constantemente, talvez essas ações sobrenaturais sejam muito mais naturais do que você pensa.



----------------------------------PAUSA

Você será Vc?
Evolução, palavra que define muito bem os caminhos tomados pela humanidade desde sempre. Saímos de “homens” que moravam em cavernas e chegamos atualmente em homens que viajam pelo espaço. Cada pequena transformação ajudou a chegarmos até esse momento, desde mesmo um pouco de fogo em um graveto para isqueiros ou mesmo os granidos estranhos às mais variadas línguas. E é na nossa língua que quero me concentrar no momento. Ela também evolui, ela se transforma, se modifica, fica mais simples sem deixar de ser complexa ao passar das gerações. Bem, talvez isso não aconteça com termos médicos ou o “juridiquês” predominantes em ambientes bastante específicos, mas de forma geral as palavras também seguem um rumo ao futuro. Esse caminho é bastante observável na etmologia de palavras como o VOCÊ. Imaginem que um pronome de tratamento criado na era do império para se referir aos nobres (na forma de Vossa Mercê), na boca de um povo sempre criativo e crítico foi sendo abusado e alterado para tratar os mais simples mortais como se fossem iguais aos mais altos postos do Brasil, assim o Vossa Mercê ganha variações para servir à burguesia e também ao povoado, virou sossemecê, vosmecê e, por fim, você (com variações como: vosmecê, vossuncê, vassuncê, mecê, vancê e ocê). Abusado ou não o povo brasileiro sempre foi modificando a língua mão de Portugal até atingirmos um aportuguesado muito peculiar. Não pensem que naqulas épocas as pessoas cultas também não torciam os narizes com algumas dessas modificações populares, tenho certeza que primeiro a nobreza ficava muito contrariada ao ouvir “pobres mortais” se tratando com nomes de respeito antes apenas designados para a corte e mais tarde os mais velhos ranzinzas deviam ficar estarrecidos com uma juventude falando você, pra lá e pra cá. Lembrado isso, espero que não seja estarrecedor percebermos que talvez, e apenas talvez, a nossa língua continue a evoluir e certas palavras utilizadas hoje pela nossa juventude de forma diferenciada, possa a vis se tornar a forma gráfica futura de alguns termos, ou seja, se a evolução do nosso você de hoje seja se transformar no VC logo amanhã, então que venha, torça nossos narizes novamente e acabe se ajeitando nesse universo gigantesco da amada Língua Portuguesa.
                                                            FIM DA PAUSA--------------------------------




Seu Antenor


Seu Antenor saía para passear todas as manhãs.

Perto de seus 90 anos, uma longa caminhada, aquela de dez quarteirões, era algo muito produtivo e às vezes até mesmo divertido.

Produtivo pelas pessoas as quais cumprimentava pelo caminho, pelas conversas que se iniciavam e logo terminavam, pelo simples fato de sentir-se vivo e é claro, pela moça que fazia cooper, passando perto dos carros. Divertido em momentos raros.

Seu Antenor, um bom senhor que gostava de maças
.
Senhor tão senhor que sabia que a única coisa que poderia fazer em relação à bela dama seria conversar com ela e isto já lhe bastava, ele tinha vergonha na cara.

Mas como chamar atenção de alguém que passava rápido e com fones nos ouvidos? Um plano era necessário, então era tempo de adiantar o horário.

Seu Antenor, que também gostava de romãs.

Levantou mais cedo, algo de meia hora, e se pôs a caminho para finalmente colocar um oi para fora, porém repentinamente, a moça do cooper passa por ele muito velozmente. O oi fica guardado para o dia seguinte, agora tão esperado.

Seu Antenor, às vezes comia poncãs.

Sabia que não conseguiria ser ouvido e andava muito devagar para alcançar a sua musa. Mas teve uma ideia para conseguir a atenção a seu respeito em plena rua.

Acordaria mais cedo e olharia sempre por cima dos ombros, quando então ela se aproximasse o bastante, um infarto fingiria Seu Antenor, agora um farsante.

Com tudo seguindo seu roteiro, Seu Antenor foi para rua e esperou o momento mais exato. Ela então veio se aproximando e Seu Antenor, caindo ao chão, com a mão no coração, tremeu-se todo, quase desmaiando.

Seu Antenor, que saía para passear todas as manhãs.

Agora não saía mais. Seu plano fora tão bem executado que a moça o pegou em seus braços. Mas a emoção tinha sido tanta que fora o inventado infarto, outro ocorreu de fato. Muitos da rua sentiram sua falta nos dias que se seguiram, mas o comentário é que ele tinha ido feliz, já que com um sorriso no caixão muitos o viram.





CONVERSA DE VAMPIRO

Evolução

- Nós, seres humanos, achamos que somos o animal mais evoluído do planeta.

- Todos os seres, não importando quão pequenos ou mesmo monstruosos que sejam podem pensar a mesma coisa.

- Sim, mas só nós raciocinamos da forma como fazemos e aprendemos cada vez mais e evoluímos cada vez mais.

- Fato incontestável é a evolução humana. Mas não poderia dizer o mesmo sobre seu racionalismo.

- Mas só o fato de modificarmos tudo à nossa vontade e necessidade provam isso.

- Provam que evoluem seu sistema cerebral ou o trabalham mais que outros seres, mas não prova que são mais racionais que todos os outros seres. Aliás nem são os tais mais inteligentes, se comparar a utilização do cérebro, perdem para seres marinhos, como os golfinhos, por exemplo, mas não acredito que eles construiriam coisas se tivessem mãos ao invés de nadadeiras.

- Eu sei, mas veja o quanto avançamos, o quanto aprendemos.

- Exatamente, e vão continuar a avançar e quem sabe virão ao mundo cada vez mais inteligentes até o ponto em que um certo humano seja totalmente irrelevante para outro humano mais avançado.

- Humanos tratando-se como irrelevantes?

- Não pense no aspecto irrelevante como alguns já se tratam na Terra nos dias de hoje, irrelevante por não seguirem as mesmas crenças, irrelevante por não concordarem com as mesmas ideias, e por ai vai. Pense como você hoje olharia para uma formiga.

- Uma comparação?

- Sem comparações. Humanos apenas se comparam entre si, pois acreditam que são maiores que qualquer outro ser vivo. No caso da formiga, se ela estivesse em seu caminho e você notasse sua presença, lhe convindo você apenas a esmagaria sem nenhum remorso, correto?

- Penso que sim.

- Pois se pensasse na complexidade que forma uma sociedade de formigas ou abelhas ou até mesmo células e ainda lembrando que por mais iguais que fossem, todas são de certa forma também únicas, talvez você não esmagasse a formiga. Mas sabe por que o faz? Por que ela é tão pequena e insignificante perto de um humano que perde seu papel de destaque no mundo frente a algo maior, algo que ela jamais poderá entender, pois nem mesmo teria como formar uma ideia do que é um ser humano. Coisas que tornam-se insignificantes para os homens por que são menores ou menos inteligentes ou pior, não tão perigosas. Mata-se uma formiga por que é apenas um insto, mata-se um leão ou um elefante, muito mais que o intuito comercial, simplesmente pelo fato de poder mostrar que mesmo sendo mais frágeis sabem como se tornarem mais fortes. Mesmo que as células pudessem sobreviver pelo ar fora de um corpo e ficassem flutuando, os humanos as dizimariam pelo simples fato de tocarem nela enquanto andam e nem mesmo saberiam disso, mas o fato aterrorizante nisso é que muito provavelmente, mesmo que pudessem ver as células, eles fariam isso de qualquer forma.

- Seres menores são classificados como menos importantes, é isso?

- Não apenas os menores como também os que não compartilham da tal racionalização que o homem atingiu. Imagine se existisse um ser que tivesse uns 300 metros de altura, os homens poderiam vê-lo inteiramente há uma certa distância, porém quando chegassem próximos demais ficariam tão diminutos quanto uma formiga. Para esse ser gigantesco o homem seria algo tão insignificante quanto imaginam esses homens serem tantos e tantos outros seres. Pior, se o homem gritasse ao gigante, provavelmente ele nem ouviria e mesmo se o gigante falasse algo, o homem não conseguiria entender, como talvez quando um inseto vai ser esmagado não pode ser ouvido por um humano. Os homens seriam esmagados da mesma forma e para isso nem seria necessário que o gigante fosse mais racional que o homem, mas claro que, com a adaptação sempre evolutiva, se o gigante não tivesse tanta inteligência quanto sua vítima, logo dariam um jeito de acabarem com ele. Mas aqui entraremos em um outro ponto, que seria exterminar o que não se compreende e se toma como ameaça.

- No caso de tamanhos é possível, mas se todos tivessem uma mesma inteligência...

- Seria interessante saber o que os seres humanos fariam uns aos outros se tivessem uma capacidade cerebral cada vez maior. Seguindo um roteiro fantasioso poderia entender que primeiro todos passariam a se respeitar cada vez mais, tanto uns aos outros quanto as coisas da Terra. Depois entenderiam que não necessitam exatamente uns dos outros para terem uma vida plena e passariam a ignorar todos os humanos que ainda não tivessem atingido o mesmo grau de pensamento. Com mais algum tempo os seres entenderiam que a Terra é algo comum e chato demais e abandonariam o que um dia foi tão importante para todos eles, deixando para trás apenas o que considerariam formas de vidas atrasadas e sem importância, os novos insetos, ainda que também seres humanos que não teriam a mesma grandiosidade.

- Acha que isso poderia acontecer?

- E quem disse que já não aconteceu? E quem disse que os homens que hoje vivem na Terra não são apenas aqueles que não conseguem deixar as coisas mais instintivas de lado para conseguir evoluir ainda mais? Talvez tudo o que tenhamos aqui seja nada menos que um monte de renegados atrasados que se mostram ignorantes ao seu verdadeiro destino pelo simples fato de ainda poderem se sentir superiores uns aos outros e à todas as outras coisas, pois teme na realidade poderem se tornar geniais, porém iguais a todos os outros.

- É algo que me dá medo em pensar.

- Pois acho que deveria ter mais medo ainda de criaturas como eu, que posso rapidamente acabar com humanos como você, mas prefiro muito mais usá-los como eu bem quiser e isso é um vício da suposta superioridade que dificilmente perdemos, nós e também os homens. 


FUI-ME!!!

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

A SALA VAZIA

Olá pessoas!

Deixando a política apenas para um bom humor, já que de resto ela só nos causa stress e revolta, irei hoje mais profundamente no meu próprio ser e também tentar fazer entender que se fossemos unidos de verdade, talvez não fosse necessário esperar nada de governo algum. Espero que quem ler aproveite ara refletir bem o que está nesta postagem, eu digo, vale muito a pena!


A SALA VAZIA
Acredito que na maior parte da minha pouca vida consciente ou racional eu tenha vivido de uma forma um tanto isolada. Isolada no sentido de estar na maior parte do tempo sozinho, daquelas sensações de que mesmo estando cercado de muitas pessoas de alguma forma nos sentimos sós. Muita gente se identifica com isso, eu sempre tentei fugir disso, do sentimento.

Já são incontáveis os dias em que me encontro deslocado desse mundo, como se ele não tivesse sido planejado para que eu vivesse nele ou simplesmente eu não encontrei de nenhuma maneira o caminho para entende-lo. Isso pode soar triste, mas na realidade é apenas desanimador.

Não encaro a procura de felicidade como algo obrigatório e nem mesmo entendo que se fazer dar certo na tal vida é tornar-se rico e famoso, meu único e total desapontamento é o não entender o todo como eu gostaria de compreendê-lo.

Nessas fases solitárias, que deveriam ser expostas como revoltas ou indignações do grande plano da existência no qual acho e não acho que me encaixo, me faltam as palavras certas para poder transparecer tudo o que eu gostaria de demonstrar ao mundo, ao nosso mundo.

Por vezes eu entendo todo esse espetáculo cósmico de maneira única e também compartilhada. Única por que todos estamos fazendo parte de forma individual de um mesmo plano e compartilhada por que estamos todos ligados de alguma maneira, é aquele pensamento de que você conhece alguém que conhece alguém e que no final todo o mundo se conhece sem ao menos todos se conhecerem diretamente.

É então que as coisas se tornam tão boas quanto ruins. Estar cercado das pessoas que amo e de outras que admiro e de outras que nem sei o que sinto pode ser muito revigorante e muito mais importante. É o imaginário de que cada pessoa que você conhece tem uma sala, uma sala só sua e você também tem uma que é a sua. Parado ali na qual lhe pertence você pode vislumbrar todas as outras salas que a sua vista pode alcançar, geralmente essas são as salas das pessoas mais próximas, algumas vezes as mídias trazem as salas daqueles que estão mais distantes e quando olhamos para essas salas, cada qual, de sua maneira particular está dando uma festa, pode ser uma festa a dois, pode ser um baile bossa-nova ou mesmo uma rave, não importa, as salas estão cheias, movimentadas, fervilhando.

Aí você olha para a sua sala e, incrível, a sala está parada, não há nada além de você, nada além de um bom espaço vago; a sala está vazia. Mas onde está o erro? Teria você esquecido de mandar os convites? Teria você esquecido de encomendar a comida e a bebida? Teria você esquecido de contratar a banda? Você corre verificar, ponto a ponto tudo parece estar certo. Os convites foram enviados, os comes e bebes estão pagos e a banda contratada com antecedência. Você foi atrás, você sempre vai atrás de tudo o que é necessário para a sua sala estar movimentada, mas seja lá por qual motivo a banda cancelou, a comida não veio e ninguém compareceu.  Você não entende, eu não entendo.

O que resta é a terrível certeza de que o motivo pelo qual a nossa vida permanece animada é pelo que a gente vê nas salas dos outros e se pararmos para ficar olhando o nada, o não movimento dentro da nossa própria sala, de repente parece que perdemos o sentido da tal existência, por algum motivo, por algum destino. Sabemos que o motivo das salas dos outros estarem cheias é por que eles merecem e se esforçam para que isso aconteça, sabemos inclusive que alguns nem se esforçam tanto, só não conseguimos entender o porquê a nossa sala permanece vazia apesar de também merecermos e fazermos por onde enchê-la. É muito claro que aqui quando digo nós, quero dizer eu, mas não me sinto o único dono de uma sala vazia dentro de todas as possibilidades humanas pelo Planeta.

O ponto em que me encontro é exatamente esse. Eu sinto a boa energia das outras salas, eu tento fazer com que a minha se encha de tudo o que ela pode ter, mas em alguma triste sina todas as iniciativas que foram tomadas não resultaram em movimento. Mas eu me encho de razão pelo que vejo acontecer aos que muito me são caros e não desisto de tentar agitar as coisas na minha sala, afinal, em algum tempo eu irei acertar o tom da música e dançarei como todos. No momento é hora de concentrar, meditar e aproveitar o silêncio...



                                                           PAUSA-------------------------------------
CONTOS POLÍTICOS

1 - Repórter consegue abordar o candidato que está sendo investigado pela polícia federal durante as votações:
- Candidato, alguma declaração sobre as investigações?
- Nada a declarar, são apenas boatos da concorrência.
- Mas há vídeos e testemunhas.
-Montagens e mentirosos, agora com licença que tenho que cumprir meu dever de cidadão e votar.
- E vai votar em quem?
- Minha filha, irei votar nos melhores. Nunca voto em corruptos e ladrões.
- Mas nem no senhor mesmo?

2 -  
Pilantra de boca de urna aproxima-se do eleitor incauto no dia da votação:
- Tudo bem? Afim aí de contribuir com nosso candidato e também levar uma recompensa?
- Como assim?
- Ah, você ajuda nosso candidato a se eleger e a gente te dá um trocado para ajudar nas contas de casa e tudo mais.
- Tá comprando voto? Por que não falou logo?
- Então a gente se acerta? 100 conto ta beleza?
- Ixi, acontece que eu já vendi o meu na semana passada, tava precisado de umas telhas para trocar a lona que tampava o forro. Sabe como é; compromisso tem que ser honrado.
- Verdade, temos que ser honestos e comprometidos hoje em dia. Mas assim, não tem ninguém na família disponível pra fazer acerto?
- Deixa eu ver, minha mulher já vendeu. O fio mais velho gastou no puteiro, meu sogro não vai votar por que ta com diarreia, meus pais moram em outra cidade. Sobrou minha sogra.
- Ela serve.
- Mas também não vai dar, ela tem uns problemas.
- Que problema?
- Ela é cega.
- Mas isso não é problema, chama ela aqui pra gente acertar.
- Mas tem ouro problema.
- Qual?
- Ela é cega e analfabeta.
- Cega e analfabeta?
- É, ela não sabe ler em braile....

3 - 
Candidato é pego comprando votos no dia anterior à eleição, junto com o santinho, entregava uma nota de 50 reais para os eleitores:
- Teje preso candidato, compra de voto é crime eleitoral.
- Mas seu policial, eu não estou comprando votos, estou apenas distribuindo meus santinhos.
- Distribuindo santinhos junto com nota de 50 reais candidato?
- Seu policial, muito obrigado. Que mancada a minha. Acontece que eu guardei os santinhos no mesmo bolso que eu ponho o dinheiro. Acho que toda vez que vou pegar um santinho, acabo pegando uma nota junto. Olha, se você não me avisasse eu acabaria ficando sem dinheiro. Muito obrigado!
------------------------FIM DA PAUSA


CONVERSA DE VAMPIRO

Quem importa

- Não entendo como um povo pode ser tão destruído por seu próprio governo...

- Isso é por que talvez você não entenda os próprios sistemas que os humanos criam para governarem. Porém, há excelentes governos neste mundo em face aos que podemos chamar de terríveis.

- Mas o bom modelo não é acompanhado por todos, então....

- Realmente não é e nem sempre haverá esperança de ser seguido um bom modelo em todos os lugares, lembre-se que a formação das pessoas varia conforme a região que se originam e benevolências ou mesmos os males incrustrados em cada sociedade acabam por definir a linha comportamental do indivíduo que unidos a outros formarão uma sociedade. Porém o fato que precisa ser mais focalizado é que os homens que são pessimamente governados poderiam dar uma lição, ao menos moral, em seu próprio governo desviado do bem comum.

- E as pessoas não tentam? Eu vejo revoltas e....

- Revoltas pequenas para alguma transformação real e isso se deve em grande parte ao entendimento contemporâneo de que tudo pode ser resolvido com greves, paralizações, e acordos, sejam eles políticos ou mesmos judiciais. A massa prejudicada se sente vingada com pequenas ações cotidianas que em grande parte reparam muito pouco o rombo sofrido por todos, mas convenhamos, numa sociedade onde sempre tem de haver seguidores de alguém, quando esse alguém é recompensado para se calar, a maioria que o seguia se cala também, vivendo na ilusão de que conseguiram modificar alguma coisa, quando na verdade apenas se venderam por valor algum.

- Sempre será assim, não é?

- Poderá seguir dessa forma por tempos indetermináveis, mas há como realmente mudar.

- Não consigo entender como fazer essa mudança.

- Mesmo que conseguisse, outros a quem você compartilhasse sua solução inovadora, que nada tem de novo, achariam algo muito difícil de fazer.

- Poderia me explicar?

- Sem qualquer incomodo. Tire apenas o que o governo faz às pessoas, e ele já faz o mínimo do mínimo apenas para justificar a sua existência e “tamanha” importância. Imagine agora que a forma capitalista que se alastra cada vez mais pelo Planeta tenha em suas mãos o poder para ajustar a sociedade por si mesma e pronto, tudo pode ser resolvido acima dos poderes de qualquer governo.

- Ficar sem governo seria a resposta?

- Não. Me refiro aos detentores do capitalismo ajustarem as necessidades de seus semelhantes quando seus governos são incapazes ou possivelmente não querem se tornar capazes de resolverem os problemas. Ora, quem para o comerciante é o ser mais importante, economicamente falando?

- Eu diria que é o seu cliente.

- E eu concordaria. Se vermos o cliente além do fator econômico e inserirmos o seu real valor social que é constituir a sociedade, é mérito do comerciante entender que tão importante quando o poder monetário de cada pessoa é em si a própria pessoa, pois de nada adianta ao comerciante um cliente que morre. Com essa compreensão seria de extrema importância os grandes sustentadores do sistema capitalista entenderem que o sujeito que mantém o tal sistema é de fato esse cliente e não apenas as grandes ideias de comerciantes e inovações tecnológicas. Tendo aceito esse conceito, os que estão acima da estrutura de pirâmides das sociedades, unidos pelo bem comum e sem vínculos políticos poderiam com parte dos lucros que obtem reinvestir diretamente nas áreas deficientes de seu âmbito social e dessa forma serem mais apreciados que seus próprios governos. Gerar uma concorrência de predileção do ente social poderia gerar competição com o próprio governo que para não ser no futuro possivelmente extinto, teria que prover reais melhorias em todas as suas ações administrativas.

- Utópico?

- Com certeza. Mas imagine uma cidade em que os grandes comerciantes se unissem e resolvessem construir um hospital. Eles inicialmente teriam o terreno e logo após ergueriam a estrutura, comprariam os equipamentos e finalmente contratariam os profissionais. Imaginemos que esse hospital começasse a atender a população de forma gratuita e fizesse um trabalho muito satisfatório. Logo a demanda pelo hospital superaria em muito as dos hospitais estatais e claramente seria necessário explicar à população que para o novo hospital poder atender a todos, doações seriam necessárias. Como a população passa a aceitar em sua realidade os novos serviços prestados que os antigos, muitos irão se esforçar por ajudar a manter o novo sistema. Digamos que os idealizadores do hospital sejam realmente preocupados em melhorar as condições sociais de seus clientes e ajam de forma sempre transparente quanto à arrecadação de dinheiro doado e a aplicação em recursos necessários sem nunca arrecadar mais que o necessário para o funcionamento do hospital. Pronto, aí estaria o modelo de auto-organização social independente dos serviços de um governo deficitário.

- E isso iria gerar o que afinal?

- Provavelmente, com o passar do tempo, haveria mais interesse da população a doar seu dinheiro para as coisas que funcionam e não tentam comandá-las a fazer esta ou aquela ação e muito iriam preferir deixar de pagar impostos que não dão retorno às assistências necessárias para a vida em sociedade e colocarão esses valores apenas nas estruturas de sua nova sociedade, uma sociedade consciente e interessada em manter sempre em “boa saúde” o tão almejado bem comum.

- Mas esperar de empresários uma ação dessas e entender que os clientes irão abraçar essa causa é um tanto complicado.

- Se fosse apenas complicado. Será até mesmo impossível de acontecer, pois enquanto a mentalidade estiver no vencer na vida, ninguém irá se importar em viver numa justiça igualitária. Se, e quando o homem entender que a tal felicidade alcançada em conjunto é muito mais satisfatória e plena que a felicidade impossível que se tenta alcançar sozinho pelos moldes de seus sistemas destruídos, nesse tempo então se alcançará o verdadeiro ideal de sociedade perfeita, a que não depende do governo para repartir os bens como entende necessário e sim a que sabe partilhar suas soluções uns com os outros.

FUI-ME!!!