Indo um pouco onde muitos homens já foram antes, tento trazer minha visão sobre temas não tão compreendidos, apesar de muito estudados. A palavra usada hoje é evolução, evolução de pensamento, de escrita, enfim, de tudo. Apenas algumas ideias que um dia possam ser mais compartilhadas. E pra não ficar de todo monótono, temos ainda uma historinha simpática para distrair uma leitura extensa. Obrigado e leiam com calma!
A paranormalidade e a máquina
de sorvete
Antes de iniciar eu devo
deixar claro que o meu entendimento sobre fenômenos paranormais não é nada
extenso, nada fundamentado e principalmente nada muito racionalizado. Meu
contato com o tema se deu muita mais por assistir documentários com o Padre
Quevedo e leituras de artigos pela internet do que uma longa busca
sistematizada, pesquisada e metodologicamente correta. Mas mesmo assim vou
tentar expor minhas idéias sem parecer beirar a inverdade.
Fenômenos paranormais me são
entendidos como fatos ocorridos que parecem ter uma fonte “sobrenatural”, mas
que na verdade nada mais é que uma produção involuntária da própria mente
humana. Esses fenômenos estranhos, quando devidamente estudados de forma
científica podem ser explicados, replicados ou até mesmo anulados, ou seja, num
estudo sério esses fatos quando não devidamente representados geralmente se
apresentam como fraudes. Não é à toa que pelo mundo há pessoas que caçam
pessoas que se dizem paranormais; inclusive lembrando que o cético James Randi
oferece uma boa quantia em dinheiro para a pessoa que conseguir provar que tem
tais poderes e ele não puder provar o contrário, até o dia de hoje o dinheiro
permanece em seu bolso.
Mas e as casas mal
assombradas? As portas que se abrem e fecham sozinhas? As mesas que se movem em
brincadeiras com espíritos? Os barulhos que surgem de lugar algum? Os objetos
que flutuam? Os programas de televisão onde grupos reúnem dados e gravações do
que parecem ser vozes, entre outras coisas? Como explicar isso? É nesse ponto
que entre o malfadado exemplo de não sabermos como usar toda a capacidade do
nosso cérebro, logicamente não é bem isso, mas gostamos de pensar que é. Numa
rápida exposição de funcionamento cerebral é preciso deixar registrado duas
maneiras básicas de ação: a consciente e a subconsciente, de forma bem rala a
primeira se refere a tudo o que fazemos em estado de alerta (acordados na
maioria das vezes) e a segunda tudo aquilo que fazemos sem saber que fazemos,
como registrar uma música na nossa cabeça e lembrar dela ocasionalmente ou
mesmo quando sonhamos. O importante a entender aqui é que essa relação dos dois
pode se dar tanto de maneira dependente como independente e eu explico da
seguinte forma:
Imaginem uma máquina de
sorvete. Ela tem dois compartimentos, o primeiro é de onde sai o sorvete que
você vai escolher conscientemente, ou seja, você chega na máquina, olha para a
máquina, lê numa placa os sabores disponíveis e então decide qual você irá
querer. Os segundo compartimento é o da cobertura que você escolhe
inconscientemente, ou seja, no momento em que você escolhe o sabor do sorvete a
máquina automaticamente consegue saber o sabor da cobertura que você quer sem
que você precise escolher a calda, nesse caso você tem total domínio sobre o sabor
do sorvete que quer e pode pensar que não terá domínio sobre a calda da
cobertura porque não a escolheu, mas a
verdade é que você escolheu sim a cobertura já no momento em que escolhe o
sabor do sorvete, só que você não compreende isso. A máquina apenas entende o
que você quer por que você já disse para ela o que queria, pois na hora que o seu consciente escolhe o sabor o inconsciente já está enviando qual será a
cobertura que você quer com aquele sabor. É uma prática bem simples, na parte
consciente da máquina você aperta o botão do sabor desejado - é onde você tem o
total controle da ação, e logo depois a cobertura é colocada sem que você possa
ter controle da ação efetuada, você escolheu sem saber, mas a ação ocorre de
forma basicamente autônoma. Parece mágica, mas quem gerou tudo isso foi você. E
a máquina é tão boa que ela até mesmo sabe quem não gosta de cobertura alguma
junto com o sorvete.
E o que isso tem a ver com
aquilo? Como a máquina consciente/inconsciente, nosso cérebro também trabalha
da mesma forma, e tudo o que precisamos fazer para que escolhamos uma cobertura
é dar um sabor determinado. Todas as coisas sobrenaturais que ocorrem em algum
local, geralmente tem uma história e essa história se torna conhecida,
inclusive nos menores detalhes possíveis, desde tudo o que aconteceu ali para
que supostamente tornasse o lugar assombrado até todas as coisas
“sobrenaturais” que ocorrem quando tem alguém por perto e essa parte é muito
importante, ter alguém por perto.
Nenhum fenômeno paranormal
será registrado sem a presença de uma pessoa no local, até por que como
teríamos as testemunhas dos fatos se elas ali não estivessem? E é exatamente
aqui que entra o jogo consciente/inconsciente dependente/independente. Como na
máquina o tipo de calda estará dependente do sabor escolhido e é aplicada
independente de você agir, as assombrações vão quase pelo mesmo caminho.
Sabendo de tudo o que acontece num local que tem fantasmas, você já processou
na mente os fatos que podem ocorrer e ainda mais, se você diz realmente
acreditar em todas essas coisas, adivinha o que acontece quando você fica num
lugar desses? Tudo aquilo que disseram para você que acontece ou pelo menos uma
parte.
Como muitos padres que também
estudam os casos em que serão feitos exorcismos, muitas das vezes os fenômenos
produzidos em um local são fatos mentais e não sobrenaturais, tomam esse
aspecto pelo crédito no inexplicável e nas forças invisíveis que as pessoas
passam a acreditar dependendo de sua fé e de sua cultura.
Se podemos ou não, inconscientemente
produzir ações sobrenaturais, ainda não está totalmente confirmado, mas o que
podemos saber é que ainda estamos muito longe de compreendermos todas as coisas
incríveis que podemos fazer com a nossa máquina de sorvete mental e não se
assustem se algum dia pudermos simplesmente trocar o canal da televisão usando
apenas o pensamento, sejam com adventos científicos ou apenas com a nossa
evolução natural.
Então lembre-se: Se alguma
experiência pela qual você passar ocorrer conforme coisas que você já ouviu
falar, viu em muitos filmes, leu em muitas revistas ou mesmo ficou imaginando
constantemente, talvez essas ações sobrenaturais sejam muito mais naturais do
que você pensa.
----------------------------------PAUSA
Você será Vc?
Evolução, palavra que define
muito bem os caminhos tomados pela humanidade desde sempre. Saímos de “homens”
que moravam em cavernas e chegamos atualmente em homens que viajam pelo espaço.
Cada pequena transformação ajudou a chegarmos até esse momento, desde mesmo um
pouco de fogo em um graveto para isqueiros ou mesmo os granidos estranhos às
mais variadas línguas. E é na nossa língua que quero me concentrar no momento.
Ela também evolui, ela se transforma, se modifica, fica mais simples sem deixar
de ser complexa ao passar das gerações. Bem, talvez isso não aconteça com
termos médicos ou o “juridiquês” predominantes em ambientes bastante
específicos, mas de forma geral as palavras também seguem um rumo ao futuro.
Esse caminho é bastante observável na etmologia de palavras como o VOCÊ.
Imaginem que um pronome de tratamento criado na era do império para se referir aos
nobres (na forma de Vossa Mercê), na boca de um povo sempre criativo e crítico
foi sendo abusado e alterado para tratar os mais simples mortais como se fossem
iguais aos mais altos postos do Brasil, assim o Vossa Mercê ganha variações
para servir à burguesia e também ao povoado, virou sossemecê, vosmecê e, por
fim, você (com variações como: vosmecê, vossuncê, vassuncê, mecê, vancê e ocê).
Abusado ou não o povo brasileiro sempre foi modificando a língua mão de Portugal
até atingirmos um aportuguesado muito peculiar. Não pensem que naqulas épocas
as pessoas cultas também não torciam os narizes com algumas dessas modificações
populares, tenho certeza que primeiro a nobreza ficava muito contrariada ao
ouvir “pobres mortais” se tratando com nomes de respeito antes apenas
designados para a corte e mais tarde os mais velhos ranzinzas deviam ficar
estarrecidos com uma juventude falando você, pra lá e pra cá. Lembrado isso,
espero que não seja estarrecedor percebermos que talvez, e apenas talvez, a
nossa língua continue a evoluir e certas palavras utilizadas hoje pela nossa
juventude de forma diferenciada, possa a vis se tornar a forma gráfica futura
de alguns termos, ou seja, se a evolução do nosso você de hoje seja se
transformar no VC logo amanhã, então que venha, torça nossos narizes novamente
e acabe se ajeitando nesse universo gigantesco da amada Língua Portuguesa.
FIM DA PAUSA--------------------------------
Seu Antenor
Seu Antenor saía para passear
todas as manhãs.
Perto de seus 90 anos, uma
longa caminhada, aquela de dez quarteirões, era algo muito produtivo e às vezes
até mesmo divertido.
Produtivo pelas pessoas as
quais cumprimentava pelo caminho, pelas conversas que se iniciavam e logo
terminavam, pelo simples fato de sentir-se vivo e é claro, pela moça que fazia
cooper, passando perto dos carros. Divertido em momentos raros.
Seu Antenor, um bom senhor que
gostava de maças
.
Senhor tão senhor que sabia
que a única coisa que poderia fazer em relação à bela dama seria conversar com
ela e isto já lhe bastava, ele tinha vergonha na cara.
Mas como chamar atenção de
alguém que passava rápido e com fones nos ouvidos? Um plano era necessário,
então era tempo de adiantar o horário.
Seu Antenor, que também
gostava de romãs.
Levantou mais cedo, algo de
meia hora, e se pôs a caminho para finalmente colocar um oi para fora, porém
repentinamente, a moça do cooper passa por ele muito velozmente. O oi fica
guardado para o dia seguinte, agora tão esperado.
Seu Antenor, às vezes comia
poncãs.
Sabia que não conseguiria ser ouvido
e andava muito devagar para alcançar a sua musa. Mas teve uma ideia para
conseguir a atenção a seu respeito em plena rua.
Acordaria mais cedo e olharia
sempre por cima dos ombros, quando então ela se aproximasse o bastante, um
infarto fingiria Seu Antenor, agora um farsante.
Com tudo seguindo seu roteiro,
Seu Antenor foi para rua e esperou o momento mais exato. Ela então veio se
aproximando e Seu Antenor, caindo ao chão, com a mão no coração, tremeu-se
todo, quase desmaiando.
Seu Antenor, que saía para
passear todas as manhãs.
Agora não saía mais. Seu plano
fora tão bem executado que a moça o pegou em seus braços. Mas a emoção tinha
sido tanta que fora o inventado infarto, outro ocorreu de fato. Muitos da rua
sentiram sua falta nos dias que se seguiram, mas o comentário é que ele tinha
ido feliz, já que com um sorriso no caixão muitos o viram.
CONVERSA DE VAMPIRO
Evolução
- Nós, seres humanos, achamos
que somos o animal mais evoluído do planeta.
- Todos os seres, não
importando quão pequenos ou mesmo monstruosos que sejam podem pensar a mesma
coisa.
- Sim, mas só nós raciocinamos
da forma como fazemos e aprendemos cada vez mais e evoluímos cada vez mais.
- Fato incontestável é a
evolução humana. Mas não poderia dizer o mesmo sobre seu racionalismo.
- Mas só o fato de
modificarmos tudo à nossa vontade e necessidade provam isso.
- Provam que evoluem seu
sistema cerebral ou o trabalham mais que outros seres, mas não prova que são
mais racionais que todos os outros seres. Aliás nem são os tais mais
inteligentes, se comparar a utilização do cérebro, perdem para seres marinhos,
como os golfinhos, por exemplo, mas não acredito que eles construiriam coisas
se tivessem mãos ao invés de nadadeiras.
- Eu sei, mas veja o quanto
avançamos, o quanto aprendemos.
- Exatamente, e vão continuar
a avançar e quem sabe virão ao mundo cada vez mais inteligentes até o ponto em
que um certo humano seja totalmente irrelevante para outro humano mais
avançado.
- Humanos tratando-se como
irrelevantes?
- Não pense no aspecto
irrelevante como alguns já se tratam na Terra nos dias de hoje, irrelevante por
não seguirem as mesmas crenças, irrelevante por não concordarem com as mesmas
ideias, e por ai vai. Pense como você hoje olharia para uma formiga.
- Uma comparação?
- Sem comparações. Humanos
apenas se comparam entre si, pois acreditam que são maiores que qualquer outro
ser vivo. No caso da formiga, se ela estivesse em seu caminho e você notasse
sua presença, lhe convindo você apenas a esmagaria sem nenhum remorso, correto?
- Penso que sim.
- Pois se pensasse na
complexidade que forma uma sociedade de formigas ou abelhas ou até mesmo
células e ainda lembrando que por mais iguais que fossem, todas são de certa
forma também únicas, talvez você não esmagasse a formiga. Mas sabe por que o
faz? Por que ela é tão pequena e insignificante perto de um humano que perde seu
papel de destaque no mundo frente a algo maior, algo que ela jamais poderá
entender, pois nem mesmo teria como formar uma ideia do que é um ser humano.
Coisas que tornam-se insignificantes para os homens por que são menores ou
menos inteligentes ou pior, não tão perigosas. Mata-se uma formiga por que é
apenas um insto, mata-se um leão ou um elefante, muito mais que o intuito
comercial, simplesmente pelo fato de poder mostrar que mesmo sendo mais frágeis
sabem como se tornarem mais fortes. Mesmo que as células pudessem sobreviver
pelo ar fora de um corpo e ficassem flutuando, os humanos as dizimariam pelo
simples fato de tocarem nela enquanto andam e nem mesmo saberiam disso, mas o
fato aterrorizante nisso é que muito provavelmente, mesmo que pudessem ver as
células, eles fariam isso de qualquer forma.
- Seres menores são
classificados como menos importantes, é isso?
- Não apenas os menores como
também os que não compartilham da tal racionalização que o homem atingiu.
Imagine se existisse um ser que tivesse uns 300 metros de altura, os homens
poderiam vê-lo inteiramente há uma certa distância, porém quando chegassem próximos
demais ficariam tão diminutos quanto uma formiga. Para esse ser gigantesco o
homem seria algo tão insignificante quanto imaginam esses homens serem tantos e
tantos outros seres. Pior, se o homem gritasse ao gigante, provavelmente ele
nem ouviria e mesmo se o gigante falasse algo, o homem não conseguiria entender,
como talvez quando um inseto vai ser esmagado não pode ser ouvido por um
humano. Os homens seriam esmagados da mesma forma e para isso nem seria
necessário que o gigante fosse mais racional que o homem, mas claro que, com a
adaptação sempre evolutiva, se o gigante não tivesse tanta inteligência quanto
sua vítima, logo dariam um jeito de acabarem com ele. Mas aqui entraremos em um
outro ponto, que seria exterminar o que não se compreende e se toma como
ameaça.
- No caso de tamanhos é
possível, mas se todos tivessem uma mesma inteligência...
- Seria interessante saber o
que os seres humanos fariam uns aos outros se tivessem uma capacidade cerebral
cada vez maior. Seguindo um roteiro fantasioso poderia entender que primeiro
todos passariam a se respeitar cada vez mais, tanto uns aos outros quanto as
coisas da Terra. Depois entenderiam que não necessitam exatamente uns dos
outros para terem uma vida plena e passariam a ignorar todos os humanos que ainda
não tivessem atingido o mesmo grau de pensamento. Com mais algum tempo os seres
entenderiam que a Terra é algo comum e chato demais e abandonariam o que um dia
foi tão importante para todos eles, deixando para trás apenas o que
considerariam formas de vidas atrasadas e sem importância, os novos insetos,
ainda que também seres humanos que não teriam a mesma grandiosidade.
- Acha que isso poderia
acontecer?
- E quem disse que já não
aconteceu? E quem disse que os homens que hoje vivem na Terra não são apenas
aqueles que não conseguem deixar as coisas mais instintivas de lado para
conseguir evoluir ainda mais? Talvez tudo o que tenhamos aqui seja nada menos
que um monte de renegados atrasados que se mostram ignorantes ao seu verdadeiro
destino pelo simples fato de ainda poderem se sentir superiores uns aos outros
e à todas as outras coisas, pois teme na realidade poderem se tornar geniais,
porém iguais a todos os outros.
- É algo que me dá medo em
pensar.
- Pois acho que deveria ter
mais medo ainda de criaturas como eu, que posso rapidamente acabar com humanos
como você, mas prefiro muito mais usá-los como eu bem quiser e isso é um vício
da suposta superioridade que dificilmente perdemos, nós e também os homens.
FUI-ME!!!
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