Dessa vez viajei muito na subjeção da realidade. O que você faria (escreveria sobre) se um cupim pousasse em seu ombro durante a aula, ou então o que falar quando o assunto é filosofia? Pois é, eu também não saberia ao certo, mas foi assim que os assuntos da vez surgiram.
Então, antes de ler, tente imaginar como desenvolveria cada assunto e, logo após, tenha uma boa leitura.
Cupins e Asas
Qual seria o máximo
sacrifício que uma pessoa faria para poder seguir a sua vida em sociedade? De
que liberdades ela poderia se desprender, abdicar, para participar do ente
social, seja ele um grupo de sua comunidade ou as repartições específicas que adoramos
adotar para classificar as pessoas de uma mesma cidade, estado e país?
O que, a contraponto,
poderia tornar o homem tão livre a ponto de se desprender de todas as amarras
que essa mesma sociedade vem criando a infindáveis milênios, obrigando a todos
a seguirem um preceito pré-estabelecido do que é o normal social?
Se perguntamos à natureza
quem é mais livre, verdadeiramente no mundo, talvez sua resposta fossem os
animais, mesmo quem sabe alguns insetos, porém como argumentos negativos
tentaríamos explicar a ela que mesmo os animais parecem seguir uma ordem social
própria com hierarquias muito parecidas com as nossas em algumas ocasiões e os
insetos, estes então nem teriam como escapar da prisão social e em termos
estaríamos corretos.
Parece-me que por mais
esperançoso que eu fique em encontrar um caminho onde o ser como indivíduo
consiga realmente sair do torpor dessa amarra social e se apresentar ao mundo
como verdadeiramente é e quer ser, infelizmente não encontro os exemplos mais
ricos em detalhes para poder acolher como os verdadeiros modelos de liberdade.
Quem sabe se tivéssemos asas
e assim pudéssemos voar, poderíamos nos livrar de toda a pressão e escolher
viver onde quisermos sem que ninguém nos condicionasse a essas escolhas. Não à
toa asas sempre são ligadas a ideais de liberdade e aventura, marcas as
utilizam para passar essa ideia, porém só querem, como todo o mundo dito real,
nos enganar e também nos prender à elas.
Asas, asas. Pensar em asas
seria o elo mais significativo para subir além da humanidade. Anjos e demônios
as tem, segundo o imaginário popular, mas mesmos eles não são livres de
julgarem e fazer o que querem, há sempre alguém acima de todos os seres, alguém
maior, alguém que manda.
E mesmo nos exemplos das
asas eu me decepciono, não pelo que poderia ser se as possuíssemos de verdade,
mas por ver que também alguns seres que as possuem podem chegar ao ponto de
abdicar desse direito de tê-las simplesmente para sobreviver em sociedade.
Poderia você imaginar algo
tão imbecil? Desistir do “poder” de voar para andar entre tantos outros. Deixar
de continuar a ser diferente por que todos os outros querem ser iguais? Pois
bem, os cupins assim o fazem. Eles saem de suas casas alados, infestam outros
locais e assim que chegam em algum lugar novo para morar eles dizem adeus às
suas asas e então preferem engatinhar para construir uma nova colônia. Claro,
eles tem que fazer isso para sobreviver, talvez nem mesmo percebam a dádiva que
é poder voar pelos poucos momentos que a possuem.
Mas me reservo no direito
totalmente imaterial da minha imaginação que tenta também por vezes não repetir
a imaginação do coletivo, que tenta escapar do óbvio e do que outros já
imaginaram não ser o óbvio, puramente para não repetir o que outros já criaram
em suas mentes; sim, me reservo nesse meu direito inventado em imaginar que por
algumas vezes um único cupim enquanto vê seus alados iguais tornarem-se
desiguais ao perderem as asas para formarem uma nova forma de igualdade,
negar-se então a ser mais um a perder a sua liberdade momentânea e mesmo que
isso lhe custe a vida e assim ele o sabe, prefere continuar a voar e ser o
diferente num mundo que todos tentam transformar em padrão. E assim, mesmo em
curta vida ele poderá ter apreciado a melhor experiência de liberdade e jamais
a servidão prolongada de uma vida normatizada pelos que se esquecerem de como
era incrível ter asas.
=============================PAUSA===================================
O
homem domina a tudo, inclusive seus próprios semelhantes, logo é de se pensar
que somos a máquina mais perfeita da natureza, mas será mesmo que a natureza
selecionou todas as melhorias máximas apenas para os seres humanos?
Vejamos
rapidamente um amontoado de curiosidades sobre quem é melhor em que no reino
animal. Entre parênteses estão os sites de onde a informação fora retirada.
No
quesito visão quem sai na frente é a águia de asa redonda que pode ver um rato
a apenas 5000 metros de distância durante seu voo, também perdemos em seleções
de cores possíveis para as aves e até mesmo um camarão, que é o rei da cor (mundoestranho). Mas somos os únicos a
conseguir corrigir problemas de visão através de lentes e óculos, além de
diversas cirurgias. Se falarmos em olfato, o elefante tem 1948 OR – gene olfativo
– contra 396OR dos humanos (megacurioso).
Os morcegos podem ouvir frequências de som em torno de 120000 Hz, assim como os
golfinhos, enquanto não passamos de 20000 Hz (geralforum). Se pensarmos em sentir gosto das coisas o campeão é o
bagre, isso mesmo, esse peixe tem espalhado pelo seu corpo milhares de células
gustativas, ou seja, ele pode sentir na água o gosto das coisas pela pele (hyperscience). E entre os mais mais,
teremos: mais rápido, o Falcão Peregrino que atinge 320 Km/h em voo ou em terra
o Guepardo com 115 Km/h; em inteligência temos os Golfinhos com alguns bilhões
de neurônios a mais que nós e se for ver quem vive mais, algumas ostras das
profundezas podem viver 500 anos e um tipo de medusa, a Turritropis, é
basicamente imortal, uma vez que, ao invés de envelhecer, suas células
rejuvenescem (Megacurioso).
Dessa
forma podemos perceber que o homem não é o mais avançado naturalmente em
qualquer aspecto comparado a outros animais do Planeta, mas com certeza a sua
forma de raciocinar faz toda a diferença. Afinal, com já dito, corrigimos nossa
visão com óculos, atingimos velocidades incríveis com carros e aviões, ouvimos
sons impossíveis com gravadores sensíveis, passamos a viver mais com o avanço
da medicina e também podemos até não sentir tanto gostos, mas podemos nos
alimentar de muitas fontes diferentes. Pena que com tanto potencial racional,
no fundo, acabamos fazendo atrocidades contra os animais, o Planeta e até
contra nós mesmos que nenhum outro ser é capaz de fazer.
=========================FIM DA PAUSA================================
CONVERSA DE VAMPIRO
Filosofar
- Da outra vez falamos sobre os
filósofos, mas eu ainda fiquei em dúvida sobre alguns aspectos.
- Não falamos sobre os filósofos
em si, mas sobre o que significa ser um.
- Exatamente. Eu pensei que eles
fossem como professores...
- Um engano compreensível, mas
entenda, filósofos não são professores, não são videntes e tão pouco
revolucionários.
- Mas se tirar essas
características deles, o que resta para classifica-los?
- Sábios! É o que são na
realidade.
- Como um gênio?
- Não, mas quase. Entenda, um
filósofo é aquele dentre todas as pessoas que consegue entender muito antes do
seu tempo algo que está para acontecer ou que acontecerá num tempo ainda muito
distante. É poder enxergar dentro de uma sociedade ou da própria humanidade
todos os possíveis caminhos que poderão ser atingidos por ela ou ainda
compreender melhor todas as coisas que fundamentam a coexistência entre os
humanos. Um filósofo não irá falar para você o que vai acontecer no dia de
amanhã, ele tentará fazer com que as pessoas comecem a perceber as diferentes
realidades que a rodeiam, tentar fazer com que saiam das alienações criadas por
uma minoria, tentar fazer com que um indivíduo se liberte das regras impostas e
possa existir de fato. Nunca um filósofo consegue ver as transformações pelas
quais a sociedade irá passar. Ele encontra o caminho, mas dificilmente irá
trilhá-lo. Seus estudos, muitas vezes frutos de uma mente privilegiada,
anteveem as descobertas da humanidade nas mais diversas áreas, mas sempre serão
taxados de tolos por aqueles que não querem ver a verdade. Não falo aqui
obviamente de físicos e outros cientistas que desenvolvem suas teses e então
passam pela aprovação de tantos outros. Os filósofos constantemente encontram
críticas vorazes em seu próprio meio. Suas teses são refutadas de todos os
lados e eles mesmos sabem que todo o seu esforço só será apreciado por futuras
gerações que finalmente estarão vivendo aquilo que ele muito sabiamente previu.
O exercício da filosofia é ingrato, pois ele não consegue gerar
instantaneamente as mudanças que defende, não consegue ver as melhorias ou
mesmo desastres que estão por vir. Não é algo para anos, mas sim para décadas e
séculos, mas traz em recompensa uma duração de milênios. Recompensa essa que o
próprio filósofo não irá desfrutar. Aí mora muitas vezes a solidão, pois não é
sempre que os pensamentos visionários encontram pares nas mesmas épocas.
- Acha que um filósofo pode
reconhecer a visão correta de um outro e mesmo assim ataca-la?
- É o que os humanos mais gostam
de fazer. Crie uma teoria qualquer e uma outra pessoa logo irá descordar dela.
Aí então teremos duas linhas de pensamentos diferentes que por sua vez ganharão,
cada uma, seus seguidores e desses seguidores outras formas de pensar irão
surgir e no fim, depois de tantas voltas num mesmo assunto que forem dadas,
perceberão que voltaram à fonte original de pensamento, mas são orgulhosos
demais para admitir tal fato. Reconhecer a sapiência de alguém e compreender a
sua linguagem é para poucos, a maioria ignorante sempre irá preferir distorcer
uma verdade absoluta para transformá-la num objeto abstrato que atenda a seus
anseios.
- E isso seria um roubo de uma
ideia?
- Não tanto roubar, mas inverter,
distorcer, manipular, usar aquilo que poderia melhorar o mundo para apenas
melhorar o seu pequeno mundo particular ou de certos particulares. Lembra-se
que os humanos preferem deixar a verdadeira aprendizagem longe da maioria das
pessoas, por que no fim, o pequeno grupo que consegue por as suas mãos em tão
refinados conhecimentos acaba por controlar todo o restante.
- Isso tudo pelo poder?
- Poder em todas as eras e hoje
também pela ganância.
FUI-ME!!!
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